A intensificação da fiscalização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Pirenópolis, Goiás, provocou uma reação extrema: a chefe do escritório local do instituto registrou boletim de ocorrência após receber ameaças de morte, supostamente feitas por dois proprietários de casarões históricos. Ambos foram intimados pela Polícia Federal nesta quarta-feira (21) para prestar depoimento.
A movimentação policial começou após a servidora denunciar que foi ameaçada duas vezes nos últimos dias. O motivo seria a fiscalização mais rigorosa aplicada sobre imóveis tombados que vêm sendo modificados sem autorização do Iphan. A situação expôs o embate recorrente entre a preservação do patrimônio histórico e os interesses individuais de alguns donos de imóveis no centro histórico.
Agentes da Polícia Federal estiveram no escritório do Iphan em Pirenópolis para colher informações e, em seguida, entregaram as intimações aos proprietários suspeitos. Eles deverão comparecer à sede da PF em Goiânia para prestar esclarecimentos. A própria chefe do escritório do Iphan também será ouvida na capital.
Conflito entre conservação e intervenções
O centro histórico de Pirenópolis, conhecido por seus casarões coloniais dos séculos 18 e 19, é protegido por tombamento federal. Por isso, qualquer intervenção , mesmo a pintura das fachadas ou a instalação de placas , exige prévia autorização do Iphan.
Segundo o órgão, muitos dos problemas surgem quando proprietários realizam obras sem aguardar aprovação dos projetos. Em outros casos, mesmo após o aval do instituto, as modificações feitas não seguem o que foi permitido, descaracterizando os imóveis.
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A preservação do patrimônio histórico, além de manter viva a memória arquitetônica de Pirenópolis, é fundamental para proteger sua identidade cultural diante das pressões da modernização. Para o Iphan, as ações de fiscalização são essenciais para garantir que as transformações respeitem as normas de conservação e valorizem a história local.