O presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua favorito para reeleição, mais que há dez meses, menos que há dez dias. O final de outubro está especialmente ruim, pois as ótimas notícias advindas do binômio Trump/Tarifas viraram a maré e já não produzem mais as manchetes favoráveis que a Secom federal gostaria. E começa a faltar dinheiro para os programas sociais. O Governo Federal faz todo tipo de batismo para dizer que não é corte, mas 10 milhões de famílias já foram tiradas daquele que tem seu nome, o Bolsa Família, que periga ser renomeado de Bolsa Corte. A popularidade do presidente, que está em ascensão, passa a ter um teste de resistência.
Nesta semana, o tema dos auxiliares de Lula é o Pé-de-Meia, cujos R$ 20 bilhões vão estourar no ano eleitoral. Do Orçamento da União, foram gastos R$ 1 bilhão em 2024 e R$ 12 neste ano. Se a fúria por estourar as finanças públicas não for contida, a proporção será mantida e 12 x 12 são 144. O Pé-de-Meia é uma ótima ideia de poupança para os estudantes, com o detalhe de que eles não precisam trabalhar nas férias escolares ou desenvolver algo fora de série para juntar R$ 10 mil, basta que compareçam a 80% das aulas e façam o Exame Nacional do Ensino Médio – não é exigida nota alta. Não é nada, não é nada, já dá para comprar uma Biz usada e trabalhar de Uber moto, já que sai do colégio sem profissão nem capacidade para entrar nos melhores cursos das universidades públicas.
O que ocorre com o Bolsa Família é mais preocupante. Em 2024, o programa distribuiu R$ 168 bilhões e 300 milhões. Para dar ideia da discrepância, o Mais Ciência na Escola provocou comemorações efusivas quando conseguiu R$ 200 milhões para montar laboratórios em 2 mil colégios. Os cursos preparatórios para o trabalho seriam uma iniciativa para porta de saída. E quem diz que alguém quer sair? Bom, o governo diz que sim. Mecanismos oficiais de desligamento teriam fiscalizado a ascensão de renda dos beneficiados e extraído da lista cerca de 10 milhões de famílias. A versão oficial se apressou em dizer que não era por falta de dinheiro do governo, mas por excesso de dinheiro das famílias.
Outra preocupação do governo é quanto à moradia. Em agosto, o IBGE divulgou sua pesquisa Pnad Contínua, que trouxe das ruas um dado assombroso: feita em 2024, encontrou quase ¼ das famílias morando em quartos alugados. São 18 milhões de famílias morando em imóveis alugados. O programa habitacional não mostra eficiência, pois os lares próprios se tornam um enrosco a ponto de ser apelidado de Minha Casa, Minha Dívida. As pessoas simplesmente não conseguem pagar. Na ânsia de morar no que é seu, o brasileiro vai na propaganda e muda para o que lhe abrirem as portas. Em geral, o imóvel vale pouco mais da metade do débito e, se for vender clandestinamente, não acham nem a metade. Só aí já perdeu 75% do investimento. Se não conseguir pagar, a Caixa vai tomar a casa. Quem ganha com isso? As empreiteiras, apenas elas.
Essa conta precisa fechar para Lula manter a chance de reeleição. Seus concorrentes que estão à frente de Estados que têm programas parecidos e com eficiência bem maior. Por isso, a popularidade do presidente é bem menor no País que a dos governadores em suas respectivas unidades. No caso de Goiás, por exemplo, os estudantes recebem tudo o que os alunos de escolas federais sonham ganhar, as casas são entregues sem que as famílias beneficiadas tenham de pagar prestação e as duas dezenas de programas sociais permanecem em dia, sem risco de corte para 2026.








