Os Estados Unidos criarão centros de alimentação na Faixa de Gaza como parte de um novo esforço para combater a crise humanitária no território palestino. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (28) pelo presidente Donald Trump durante uma entrevista a repórteres em Turnberry, na Escócia, ao lado do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer. Segundo ele, as estruturas serão abertas com apoio de países aliados e organizações internacionais, sem barreiras ou restrições de acesso.
“Vamos criar centros de alimentação, e faremos isso em conjunto com pessoas muito boas, e forneceremos fundos. Acabamos de arrecadar trilhões de dólares, conseguimos muito dinheiro e vamos gastar um pouco em alimentos, e outras nações estão se juntando a nós”, afirmou Trump. “Vamos criar centros de alimentação, onde as pessoas possam entrar e sem fronteiras, sem cercas”, completou.
O presidente norte-americano também disse que os EUA já destinaram US$ 60 milhões à ajuda humanitária em Gaza e que conversou com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que prometeu intensificar o apoio europeu. “Estamos doando muito dinheiro e muitos alimentos, e outras nações estão agora intensificando a ajuda. Está uma bagunça. Eles precisam de comida e segurança agora mesmo”, declarou.
Trump afirmou que a prioridade imediata é alimentar a população palestina. “A prioridade número um em Gaza é alimentar as pessoas, porque há muitas pessoas famintas.” O republicano relatou ter visto imagens de civis enfrentando longas filas para receber comida, sem acesso ao interior de centros de distribuição: “São filas muito rígidas, e temos que nos livrar dessas filas, mas vamos receber comida boa e forte. Podemos salvar muitas pessoas”.
Em meio ao agravamento da fome em Gaza, Trump rebateu diretamente declarações do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que no domingo (27) havia negado a existência de escassez alimentar no território. “Isso é fome de verdade”, afirmou o presidente dos EUA. “Eu vejo, e não dá para fingir. Então, vamos nos envolver ainda mais”, completou.
A declaração amplia o contraste entre o posicionamento de Washington e o discurso israelense. Netanyahu sustentou que Israel vem permitindo a entrada de ajuda em Gaza, mas, para Trump, Israel ainda pode fazer muito para o acesso de ajuda humanitária no enclave.
Trump também responsabilizou o grupo Hamas pelas dificuldades de distribuição dos suprimentos. Segundo ele, a libertação de reféns ainda mantidos na região seria crucial para destravar as negociações.
A proposta de cessar-fogo apoiada pelos Estados Unidos foi apresentada ao Hamas na quinta-feira, durante conversas em Doha. O grupo respondeu favoravelmente, condicionando a libertação dos reféns a um acordo com Israel. Horas depois, o governo israelense retirou sua delegação das negociações.
Ao ser questionado se um cessar-fogo ainda seria possível, Trump respondeu: “Sim, um cessar-fogo é possível, mas você tem que obtê-lo, você tem que acabar com isso.”
Apesar de Israel ter anunciado novas medidas no fim de semana para facilitar a entrada de ajuda, agências da ONU avaliam que essas ações seguem insuficientes.
Durante a conversa com Starmer, o presidente dos EUA evitou comentar a pressão internacional por um reconhecimento formal do Estado palestino. “Eu não iria tomar uma posição sobre a questão da condição de Estado palestino no momento”, declarou.
Para Starmer, a situação é alarmante. “É uma crise humanitária, certo? É uma catástrofe absoluta. Acho que as pessoas no Reino Unido estão revoltadas com o que estão vendo em suas telas.”
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