Drones russos invadiram o espaço aéreo da Polônia nesta quarta-feira (10), desencadeando uma operação conjunta com caças poloneses e da Otan. O Exército polonês confirmou o abate dos projéteis e recomendou que a população permanecesse em casa. Sistemas de defesa antiaérea foram colocados no mais alto nível de prontidão e aeroportos, incluindo o de Varsóvia, precisaram ser fechados temporariamente. Um dos drones foi encontrado danificado em Czosnowka, no leste do país, próximo à fronteira com Ucrânia e Belarus.
O Ministério da Defesa da Rússia minimizou o incidente e disse que os drones não tinham como alvo o território polonês. “Não havia alvos planejados para serem atingidos em território da Polônia durante o ataque maciço das forças russas contra empresas do complexo militar-industrial ucraniano”, afirmou à agência estatal RIA Novosti. Segundo a pasta, o alcance máximo dos projéteis é de 700 km, insuficiente para invadir a Polônia, e os drones “supostamente cruzaram a fronteira”. A Defesa russa se colocou à disposição para consultas com a Polônia.
Antes disso, o Kremlin havia se recusado a comentar o episódio, alegando que “UE e Otan fazem acusações diárias contra a Rússia”. O encarregado de negócios russo na Polônia, Andrey Ordash, afirmou que o país não apresentou provas de que os drones abatidos fossem russos e classificou as declarações polonesas como “acusações infundadas”.
O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, disse que seu país “está pronto para reagir a ataques e provocações” e invocou o Artigo 4 da Constituição da Otan, acionado pela sétima vez desde 1949, que abre consultas entre os aliados em caso de ameaça a qualquer integrante. “Estamos lidando com uma provocação em grande escala. Estamos prontos para reagir a ataques e provocações. A situação é séria, e ninguém duvida de que devemos nos preparar para diversos cenários”, declarou.
A reação internacional foi imediata, líderes europeus repudiaram a violação. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, classificou a ação como “insensata e sem precedentes” e garantiu que a União Europeia defenderá “cada centímetro quadrado” de seu território. Emmanuel Macron chamou o episódio de “simplesmente inaceitável”, enquanto Kaja Kallas afirmou que “a guerra da Rússia está escalando, não terminando” e defendeu sanções e reforço da defesa no flanco leste da Europa. Keir Starmer, do Reino Unido, considerou a ação “extremamente inconsequente”, e Mark Rutte, secretário-geral da Otan, afirmou que o incidente é “absolutamente irresponsável e perigoso”, pedindo que “Putin pare de violar o espaço aéreo dos aliados”.
Segundo o vice-ministro da Defesa polonês, Cezary Tomczyk, todos os serviços do país estão sob alerta, e o presidente e primeiro-ministro foram informados sobre a operação. A Força Aérea ucraniana havia relatado a entrada de drones russos, incluindo ameaça à cidade de Zamosc, mas posteriormente apagou a mensagem. Durante a madrugada, regiões da Ucrânia próximas à Polônia ficaram sob alerta aéreo enquanto autoridades polonesas coordenavam medidas de segurança e reuniões extraordinárias do Conselho de Ministros.
O episódio que evidencia o risco crescente de escalada militar na fronteira leste da Europa e tensiona ainda mais a relação entre Rússia, União Europeia e Otan, reforça o debate sobre uma questão que a Europa vem colocando em foco: a segurança da Ucrânia é a segurança da Europa.
O post Drones russos em espaço aéreo polonês eleva a tensão na Europa apareceu primeiro em O Hoje.