Os presidentes dos Legislativos de Goiás e de Goiânia serão candidatos a cargos maiores. O deputado estadual Bruno Peixoto (União Brasil) ajudou nas campanhas em 130 cidades em que seus aliados foram vitoriosos e conta com eles para chegar ao Congresso Nacional, em qualquer das duas Casas, ou a vice-governador de Goiás. O vereador Romário Policarpo (PRD) será candidato a deputado estadual. Para isso, estão fazendo alianças com quem aparece pela frente, querem nem saber o partido. Não apenas eles. Existem movimentos até de aliados do governador Ronaldo Caiado se interessando pelo PT e vice-versa.
Vanderlan Cardoso já esteve em todos os agrupamentos políticos do Estado. Era bolsonarista fanático, agora é lulista fanático e está se interessando em retornar às hostes caiadistas. Se for necessário, vira caiadista fanático. Com a reeleição de senador à beira do precipício, tem dois caminhos para continuar em Brasília, ajudar o senador Wilder Morais a ser governador (Isaura Cardoso, mulher de Vanderlan, é 1º suplente de Wilder) e ser candidato a deputado federal, em espectro tão amplo que iria do PT ao União Brasil.
A traição pula a janela
Depois que acabaram as coligações para cargos proporcionais (vereador e deputados estadual, federal e distrital), os partidos dependem apenas de si para eleger parlamentar. Aí começa cedo o salve-se quem puder. Até a década anterior, cada combo de siglas formava o chamado chapão, com quantas siglas coubessem e às vezes um candidato de cada. Nos chapões de federais, por exemplo, Jovair Arantes poderia ser o único nome do PTB. Magda Mofatto e Flávia Morais, de PL e PDT, geralmente entravam sozinhas. Saíam vencedores os mais votados de cada agrupamento.
Para dar ideia da importância dos proporcionais, é o número de deputados federais que garante os fundões partidário (que aumentou de R$ 1,2 bilhão em 2024 para R$ 1,5 bilhão em 2025) e eleitoral (R$ 4,9 bilhões no ano passado). Por isso, as quase três dúzias de agremiações abrem mão até do Executivo, mas nunca da Câmara dos Deputados.
O baile de máscara de quem não quer dançar
Observe-se a dança interna em cadeiras das mais diferentes ideologias (ou até sem elas) no baile perfumado para aumentar o caixa dos partidos com deputados federais. Quem não muda, dança.
O PT tem dois deputados federais, já teve três, e agora quer quatro: as reeleições de Adriana Accorsi e Rubens Otoni, mais o vereador de Goiânia Edward Moreira e o ex-tesoureiro nacional Delúbio Soares. Nos bastidores, fala-se que Delúbio estaria com tamanho prestígio no governo federal que até integrantes do Governo do Estado o procuram em busca de convênios. Uma de suas dobradinhas deve ser com Romário Policarpo.
O PL elegeu quatro, saíram Magda e Professor Alcides, ficaram Gustavo Gayer e Daniel Agrobom.
O MDB tem Daniel Vilela, o vice que será governador a partir de 1º de abril próximo (Ronaldo Caiado já avisou que vai renunciar em 31 de março para incrementar a campanha à Presidência da República), mas só dois na Câmara, Marussa Boldrin e Célio Silveira. Óbvio que está engordando a lista de filiados, em atividades coordenadas por Haroldo Naves, ex-presidente da Federação Goiana de Municípios.
O União Brasil do governador Caiado mandou dois a Brasília, Silvye Alves e Zacharias Calil, mas ganhou José Nelto, que saiu do PP, onde ficou somente Adriano do Baldy. Sem Caiado para puxar votos para a legenda, é provável que o UB perca força e se iguale a bancadas solitárias como as de Podemos (Glaustin da Fokus), Republicanos (Jeferson Rodrigues), PSD (Ismael Alexandrino) e PSDB (Lêda Borges), além do PP.
Pode ser infiel, a lei garante
Esse quadro é momentâneo. Deve mudar bastante na janela partidária, aqueles 30 dias de traições permitidas pelo artigo 22-A da Lei dos Partidos Políticos, a 9.096/1995. Começa a 7 meses da eleição, que no caso de 2026 será em 4/10.
Mas quem falou que a turma gosta de esperar? Na prática, a deputada Lêda Borges está mais perto do União Brasil que do PSDB de Marconi Perillo. Daniel Agrobom só fica no PL se os demais concorrentes compuserem um elenco à altura de ocupar no mínimo as quatro vagas de 2022. O mesmo vale para Ismael Alexandrino, pois o presidente do PSD, Vanderlan Cardoso, não demonstra estar se esforçando para engrossar as fileiras. Caso fique, Alexandrino vai disputar a vaga com o ex-deputado federal Vilmar Rocha.
As infidelidades, igualmente, ocorrem com a janela fechada. Sem o apoio do MDB do Sudoeste, como as lideranças de Rio Verde e o ex-deputado federal José Mário Schreiner, que a apadrinhou na eleição anterior, Marussa Boldrin precisa lutar pela sobrevivência. Onde está, não dá. Seu partido, sua cidade, seu grupo político, sua classe de agropecuarista, tudo isso está ocupado por outro nome, o de Paulo do Vale. Resta a Marussa torcer pelo improvável: Paulo e Zé Mário ocuparem a chapa majoritária do governo, que já tem Daniel do MDB e se completaria com a dupla em outras siglas, pois ambos pleiteiam vice (Zé) e Senado (Paulo).
Esforço dos partidos inclui dar vaga a suplentes
Glaustin da Fokus tem suado a camiseta evangélica em busca de quem queira tentar uma vaga na Câmara dos Deputados, pois sozinho não conseguiria se reeleger. Excelente vendedor que sempre foi, daí ter ficado rico como representante comercial da Mabel, tem de convencer o neoaliado a ir para o matadouro com as próprias pernas: o sujeito sabe que vai perder a eleição, pois a vaga deve continuar de Glaustin. A esperança de quem entra em suas fileiras é que continue agindo como agora: licenciou-se para que seu 1º suplente, o cantor evangélico Samuel Santos, tenha o gostinho do mandato.
Na atual legislatura, já tiveram espaço os suplentes Hildo do Candango e Márcio Correia, que estava no MDB quando entrou no lugar de Célio Silveira na Câmara dos Deputados, antes de se eleger prefeito de Anápolis pelo PL e Hildo do Candango. Ex-prefeito de Águas Lindas, Hildo ficou na 2ª suplência do Republicanos, mas o 1º, Rafael Gouveia, preferiu permanecer na presidência da Emater-GO e vice da entidade nacional dos assistentes técnicos e extensionistas rurais.
Na Assembleia, o Podemos repetiu a cortesia e Léo Portilho começou julho no lugar de Henrique César.
Quando estavam no Governo de Goiás, Marconi Perillo e Iris Rezende já nomearam secretários para que até o 5º suplente de deputado federal experimentasse a atividade parlamentar.
Os mais recentes afortunados foram Sandes Júnior, então no PP, que voltou à Câmara quando Alexandre Baldy assumiu o Ministério das Cidades na gestão do presidente Michel Temer, e Marina Sant’Anna, do PT, que ficou quase o mandato inteiro de Thiago Peixoto, afastado enquanto estava na Secretaria de Educação com Marconi governador.
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