Goiânia alcançou o segundo lugar entre as Capitais brasileiras no ranking de conectividade escolar divulgado pelo Ministério da Educação (MEC). O indicador avalia a qualidade da internet disponível nas unidades da Rede Municipal de Educação (RME) e faz parte da Política de Inovação Educação Conectada (PIEC). O resultado reflete a ampliação do acesso à rede promovida pela prefeitura de Goiânia por meio do Programa Escolas Conectadas.
Segundo a Secretaria Municipal de Educação (SME), todas as escolas e Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) estão conectados à internet, beneficiando mais de 110 mil estudantes e cerca de 7 mil profissionais.
Além de destacar que atualmente o município conta com 306 escolas que são participantes do programa do PIEC, ainda contando com 160 unidades utilizando os serviços de internet de fibra óptica do projeto FUST, com mais da metade já em pleno funcionamento.
Além da conexão, as unidades contam com sistemas informatizados e estão recebendo novos equipamentos. A proposta é fortalecer práticas pedagógicas que utilizem recursos digitais e promovam formas de aprendizagem mediadas pela tecnologia.
O ranking do MEC apontou que 92% das escolas municipais da Capital atendem aos parâmetros considerados adequados para conexão, e 72% delas alcançam o nível mais alto na escala de avaliação. Entre os critérios analisados estão a capacidade da rede elétrica, a velocidade da internet e a qualidade da distribuição de sinal de Wi-Fi dentro das unidades.
O Programa Escolas Conectadas, de origem federal, garante repasses anuais que podem chegar a R$ 3.892 por unidade, conforme o número de alunos matriculados. O recurso é destinado à ampliação da conectividade e à compra de dispositivos e ferramentas digitais pedagógicas. Esses valores são repassados por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), após adesão ao Piec.
A SME também participa de projetos como Aprender Conectado, Fust e Wi-Fi Brasil, que atuam em três frentes: formação de professores, aquisição de recursos educacionais digitais e melhoria da infraestrutura tecnológica.
A SME destacou que como próximos passos para que esse ranking se mantenha é a implantação de lousas digitais para instituições que ofertam o ensino fundamental a partir do 3º ano e novos laboratórios de cultura Maker que serão parte de uma colaboração do município com a Superintendência de Inovação Tecnológica do Estado e o Instituto Federal de Goiás.
Conectividade avança, mas falta transformar tecnologia em ferramenta efetiva de ensino
Apesar dos avanços, especialistas e profissionais da educação apontam que o acesso à internet, por si só, não é suficiente para transformar a realidade das salas de aula. Muitas escolas ainda relatam instabilidades na conexão, dificuldade de manutenção de equipamentos e falta de formação continuada para que professores utilizem as tecnologias de forma significativa, indo além do uso básico ou meramente ilustrativo.
A pedagoga Débora Oliveira avalia que o programa representa um passo importante, mas reforça que o impacto depende diretamente da valorização dos profissionais da educação e da intencionalidade pedagógica no uso das tecnologias.
“O programa, em si, é positivo e representa um avanço. No entanto, ainda há muito a ser aprimorado na educação, especialmente no que diz respeito à valorização dos educadores, que continuam enfrentando sobrecarga de trabalho, salários defasados e falta de formação continuada estruturada”, afirma.
Para a especialista, o uso da tecnologia não pode ser guiado apenas pela ideia de modernização. “A tecnologia deve entrar na escola com intencionalidade pedagógica, planejada para ampliar o aprendizado e não para substituir a relação humana entre professor e estudante.”
Ela destaca que os recursos digitais podem promover aprendizagem ativa e protagonismo estudantil. “Quando a tecnologia é bem aplicada, ela aproxima o conteúdo da realidade do estudante, estimula a curiosidade e permite que cada um aprenda no seu ritmo.”
Entretanto, a pedagoga chama atenção para os limites do processo. “Não adianta ter tablets e lousas digitais se quem está ensinando não recebe suporte para usar esses recursos de forma pedagógica. Capacitação é fundamental.”
Débora também alerta para a necessidade de equilíbrio: “Tecnologia não pode substituir afeto, diálogo e presença. A escola é espaço de convivência. O digital precisa somar, nunca afastar.”
O destaque de Goiânia no ranking nacional demonstra que a conectividade está avançando, mas o desafio agora é transformar o acesso em aprendizagem significativa. A pergunta que permanece é se a infraestrutura tecnológica está chegando junto com o suporte humano necessário para fazer dela uma ferramenta efetiva de ensino.
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