O ano de 2025 se apresenta como tempo de decisões cruciais para a citricultura no Brasil. O avanço da doença Huanglongbing (HLB ou “Greening”), combinado a padrões climáticos cada vez mais irregulares e à instabilidade de preços, exige dos produtores adaptações profundas. Entre essas medidas, a irrigação emerge não apenas como ferramenta auxiliar, mas como estratégia essencial para manter produtividade, qualidade e viabilidade econômica.
Queda no vetor, mas doença persiste
Um dos poucos sinais de avanço no controle é a redução de capturas de psilídeos, principal inseto vetor do HLB. No cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste de Minas, a média por armadilha caiu de 2,23 em 2023 para 1,32 em 2024, uma queda de 41%. Apesar disso, especialistas ressaltam que a diminuição do vetor não representa menos plantas infectadas. A doença continua se espalhando em pomares já contaminados, exigindo manejo constante e rigoroso. O impacto direto é visto no rendimento das colheitas, com frutos menores, mais leves e perdas expressivas de qualidade.
Safra 2024/25 expõe fragilidades
O relatório de fechamento da safra de laranja 2024/25 no cinturão paulista e mineiro apontou produção de 230,87 milhões de caixas de 40,8 quilos. Esse volume ficou 24,85% abaixo da safra anterior, que alcançou 307,22 milhões de caixas, e também aquém da projeção inicial. O resultado reflete uma combinação de fatores climáticos adversos, como estiagens prolongadas, altas temperaturas e floradas tardias, que resultaram em frutas menores e acentuaram as quedas de produção. A instabilidade climática consolidou-se como um dos maiores entraves para o setor, pressionando margens e exigindo novas estratégias de manejo.
Irrigação vira arma contra HLB na citricultura
Goiás busca espaço na citricultura
No cenário nacional, Goiás tem ampliado sua relevância. A produção estadual de laranja em 2024 deve alcançar aproximadamente 156 mil toneladas, colocando o estado na oitava posição nacional em volume produzido. Embora ainda distante dos grandes polos, Goiás vem investindo em irrigação, manejo tecnificado e ações de sanidade. Mais de 80% da laranja comercializada no estado já é produzida internamente, reflexo da expansão de áreas irrigadas e da adoção de novas práticas agrícolas. O estado também iniciou um levantamento fitossanitário anual, monitorando Cancro Cítrico e HLB em pomares e viveiros de mudas. Além disso, Goiás já se adapta às exigências da nova legislação federal, que reforça medidas de controle e amplia a responsabilidade dos produtores no combate ao HLB.
Irrigação como estratégia essencial
Em meio às incertezas, a irrigação consolidou-se como componente indispensável para sustentar a citricultura. Sistemas de gotejamento associados à fertirrigação contribuem para reduzir o estresse hídrico e térmico, manter o vigor das plantas e melhorar o pegamento de flores e frutos. A distribuição uniforme de nutrientes auxilia árvores debilitadas a resistirem melhor à infecção, enquanto pomares jovens em fase de renovação se tornam mais resilientes diante da doença. Em regiões de baixa ou irregular pluviometria, irrigar deixou de ser diferencial competitivo para se tornar condição básica de viabilidade.
Desafios e perspectivas para 2025
O setor se prepara para um ciclo que exigirá ainda mais decisões estratégicas. A nova legislação do Programa Nacional de Prevenção e Controle do HLB impõe regras mais rigorosas, obrigando produtores a reforçar práticas de prevenção. O investimento em irrigação, no entanto, continua sendo um dos principais obstáculos, já que demanda recursos para infraestrutura, energia e manutenção. O clima deve permanecer como fator imprevisível, com chuvas irregulares e calor intenso afetando floradas e pegamento de frutos. No campo econômico, embora Goiás projete crescimento no Valor Bruto da Produção da laranja, a pressão por preços mais baixos em momentos de excesso de oferta pode comprometer margens.
Se há algo claro para a citricultura brasileira é que a irrigação se tornou central para a sustentabilidade dos pomares. Estados como Goiás, com produção em expansão, legislação mais clara e avanços fitossanitários, têm a oportunidade de se firmar como referência de citricultura moderna, adaptada às mudanças climáticas e mais resistente ao HLB. O futuro do setor dependerá da capacidade de conciliar manejo sanitário, inovação tecnológica e equilíbrio econômico em um cenário cada vez mais desafiador.
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