O vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PL), e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), diretor da Abin na gestão bolsonarista, foram indiciados na última terça-feira (17) pela Polícia Federal (PF). A investigação apura os fatos do aparelhamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar opositores da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), enquanto ele estava à frente do Palácio do Planalto.
O relatório da PF enviado ao STF indica que o grupo utilizou um software para espionar pelo menos 887 figuras públicas — algumas, desavenças do clã Bolsonaro. Segundo o documento, a estrutura da Abin paralela era usada para atender aos interesses do núcleo familiar do ex-presidente.
Entre os monitorados pela Abin paralela de Ramagem estão: os ministros da Suprema Corte Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Dias Toffoli; o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL); a ex-deputada federal Joice Hasselmann (Podemos); o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP); os senadores Alessandro Vieira (MDB-SE), Omar Aziz (PSD-AM), Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues (PT-AP); o ex-governador de São Paulo, João Doria; e os jornalistas Pedro Cesar Batista, Mônica Bergamo, Vera Magalhães e Luiza Alves Bandeira.
A apuração do caso teve início no primeiro ano de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2023. O relatório indica que o software israelense FirstMile era “intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira” e localizava os monitorados através da conexão às redes 2G, 3G, 4G e 5G dos dispositivos eletrônicos dos indivíduos. Ao inserir o número telefônico do indivíduo, era possível rastrear sua localização em tempo real.
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Situação piorada
Para o cientista político, doutor em Sociologia pela Universidade de Brasília (UnB) e professor aposentado da Universidade Federal de Goiás (UFG), Pedro Célio, há acréscimos no desgaste político de Bolsonaro, porém em termos não relevantes. “É um dado a mais no conjunto, que teve um momento forte na imagem e na performance altamente fragilizada de Bolsonaro diante do juiz, na semana anterior. Haverá outros momentos de impacto como aquele, que pode vir de um processo ou de outro ou do entrelaçamento entre suas evidências”, disse o cientista político.
Com o indiciamento, a PF entende que Carlos e Ramagem cometeram os crimes. A Suprema Corte deve solicitar um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), que irá se manifestar em até 15 dias. Caso a PGR denuncie os indiciados, caberá ao STF aceitar ou não a denúncia — se for acatada, eles se tornam réus.
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