Um estudo publicado no British Journal of Sports Medicine em junho de 2024 indicou que caminhar ao menos 7 mil passos por dia pode reduzir significativamente o risco de câncer. A pesquisa analisou dados de mais de 85 mil pessoas e concluiu que o volume total de passos tem maior impacto na prevenção da doença do que a intensidade do exercício.
Estudo mostra prevenção de câncer
O estudo utilizou informações do banco de dados UK Biobank, que acompanha a saúde da população britânica. Os participantes tinham idade média de 63 anos e usaram acelerômetros no pulso durante sete dias para registrar os movimentos diários. Os dados coletados foram cruzados com registros médicos ao longo de cinco anos para identificar possíveis relações entre a atividade física e a incidência de 13 tipos de câncer relacionados ao sedentarismo.
Os pesquisadores identificaram uma redução de 26% no risco de câncer entre pessoas com maior volume de atividade física diária. A partir de 7 mil passos, observou-se uma queda de 11% no risco, em comparação com indivíduos que caminhavam cerca de 5 mil passos por dia. Com 9 mil passos, a redução chegou a 16%. A partir de 13 mil passos, o benefício se estabilizou.
Além disso, o estudo mostrou que a intensidade do movimento não teve impacto relevante após o atingimento do volume de passos. Caminhar em ritmo leve, por exemplo, teve efeito semelhante ao ritmo mais acelerado. Isso sugere que atividades cotidianas como caminhadas curtas, tarefas domésticas ou deslocamentos a pé podem trazer benefícios para a prevenção do câncer.
A médica Ana Paula Garcia Cardoso, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein, afirma que os achados reforçam a importância da movimentação diária, mesmo em níveis considerados leves. Ela destaca que esse tipo de recomendação é mais tangível para a população e pode ser facilmente aplicada à rotina de diferentes faixas etárias e condições físicas.
Segundo a especialista, a obesidade é atualmente um dos principais fatores de risco para o câncer. A prática regular de atividades simples, como caminhar, pode auxiliar no controle do peso corporal e na redução do risco da doença. Ela também ressalta que mesmo substituições pontuais de tempo sedentário por movimentações leves já podem oferecer benefícios relevantes.
Estudo mostra que 13 mil passos estabilizam proteção contra câncer. Foto: Divulgação
A médica lembra ainda que a Organização Mundial da Saúde recomenda entre 150 a 300 minutos semanais de atividade física moderada ou entre 75 a 150 minutos de atividade intensa. Essas orientações permanecem válidas, mas o estudo amplia as possibilidades de adesão com metas mais acessíveis e mensuráveis.
Caminhar de 5 a 6 quilômetros ao longo do dia, o que equivale aos 7 mil passos mencionados na pesquisa, é um objetivo alcançável, mesmo para pessoas com rotina sedentária. Cardoso observa que, com o auxílio de aplicativos em smartphones, é possível monitorar os passos diários e adotar estratégias para incluir pequenas caminhadas na rotina, como subir escadas ou trocar o carro por trajetos a pé.
Por fim, a oncologista reforça que até metade dos casos de câncer podem ser prevenidos com mudanças simples no estilo de vida. Entre elas estão a prática regular de atividade física, alimentação balanceada, controle do peso corporal, cessação do tabagismo e vacinação contra o HPV e a hepatite B. A prevenção primária, segundo a médica, é fundamental para reduzir os índices da doença e promover a saúde da população.
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