Caio Bonfim viveu momentos de emoção intensa em sua primeira entrevista após conquistar a medalha de ouro na Marcha Atlética de 20 km, em Tóquio. Durante a prova, o brasiliense, de 34 anos, perdeu a aliança de casamento, mas manteve o bom humor para pedir perdão à esposa. Ele também destacou o apoio diário dos pais, agradeceu ao trabalho técnico de sua equipe e se emocionou ao falar sobre os filhos.
“Minha aliança caiu no terceiro quilômetro, pensei, minha mulher só vai me perdoar se eu for campeão”, brincou o brasileiro, que detém o maior número de medalhas em campeonatos mundiais.
Sobre a prova, Caio relatou a intensidade da competição e a percepção tardia da liderança: “Cresci bastante nos 13 quilômetros, fui ultrapassado e depois cresci de novo. Foi o Mundial de resiliência. Eu dizia: ‘Não desista. Não desista’. Eu achava que estava em segundo e com medo de perder o pódio, achando que o chinês e o espanhol iam brigar ali no fim. Não sabia que o Yamanishi não estava, não o vi entrar no pit lane.”
O atleta também recordou o cuidado com a mãe, no início da prova, quando ainda estava fora do pelotão de elite: “Pedi calma porque estava em bom ritmo. Sabia que precisava ter fôlego no fim. Ela estava com medo de eu não alcançar os líderes e eu tinha.”
Ao final da prova, Caio descreveu a emoção de abraçar a mãe: “Meu oitavo Mundial, terceira vez que faço as duas (35 km e 20 km). Os 50 que largam treinam muito também. Quando passa a linha de chegada como melhor do mundo, passa um filme. São quatro medalhas. Lembro do Caio vendo o Mundial pela TV. Fui sexto em 2015, esses filmes vão passando. Minha mãe, oito vezes campeã brasileira, eu vivo neste ambiente de esporte. Hoje disse que somos campeões do mundo. Eu ainda não entendi nada. Mas valeu a pena.”
A Confederação de Atletismo destacou que, no próximo ano, Caio disputará o Mundial de Marcha Atlética em Brasília, sua cidade natal.
Com o tempo de 1h18min35, ele somou o quarto pódio em Mundiais, tornando-se o brasileiro com mais medalhas na história, superando Claudinei Quirino. O atleta já havia conquistado bronze nos 20 km em Budapeste-2023 e Londres-2017, além da prata na Marcha de 35 km na sexta-feira passada. Até hoje, apenas Fabiana Murer (salto com vara, Daegu-2011) e Alison dos Santos (400 m com barreiras, Eugene-2022) haviam conquistado ouro em Mundiais pelo Brasil.
No 20º Campeonato Mundial de Atletismo, iniciado na noite de sexta-feira em Tóquio, Caio já havia subido ao pódio com a prata nos 35 km, mostrando força nos quilômetros finais. A conquista nos 20 km consolida seu desempenho e amplia seu legado.
“Minha esposa mandava mensagem todo dia. Luta, luta por nós, vence por nós. E foi isso que eu fiz. Eu não consigo mais nenhum quilômetro. Lutei muito. A gente sabe o quão difícil é chegar entre os melhores do mundo e o quão difícil é se manter entre os melhores do mundo”, disse Caio, que tem melhor performance nos 20 km. A pressão saiu porque agora a gente já conquistou uma medalha. É fazer a recuperação para chegar da melhor maneira possível. E o que eu posso prometer para os 20 km é muita dedicação.
O brasiliense comentou ainda o desafio do percurso: “Depois de uma prata olímpica, como manter? Em 2022, em 2023, em 2024 eu ganhei medalhas. E hoje, além de ser uma medalha inédita, foi em uma prova inédita.”
No percurso difícil de Tóquio, sob muito calor, tempo nublado e alta umidade, Caio fez sua melhor marca na temporada: 2h28min55. O ouro ficou com o canadense Evan Dunfee (2h28min22) e o bronze com o japonês Hayato Katsuki (2h29min16).
Caio adotou estratégia tática, mantendo contato com os líderes, aproveitando erros e quebras dos adversários. Permaneceu entre os primeiros durante quase toda a prova e, nos últimos 10 km, entrou no top 5, observando o equatoriano David Hurtado ser punido com mais de três minutos.
Com a prova se aproximando do fim, os líderes Masatora Kawano e Hayato Katsuki perderam ritmo. Caio, que chegou a ser superado pelo sul-coreano Mingyu Kim, ultrapassou-o e avançou para os japoneses, conquistando a vitória nos minutos finais, enquanto Evan Dunfee manteve a liderança.
O Brasil ainda teve Matheus Corrêa, que terminou em 15º com 2h36min35 (recorde pessoal), e Max Batista, em 27º, com 2h41min04 (recorde do ano).
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