O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) articula sua ida à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, instalada no Senado Federal nesta semana pelo presidente da Casa Alta, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), após a megaoperação policial no Rio de Janeiro. A segurança pública defendida pelo governador goiano é a aposta da direita e centro-direita para rebater as alegações do governo federal no colegiado.
A articulação teve início após o relator da CPI, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), convidar governadores dos Estados “mais seguros” e “menos seguros”. Entre os convidados dos Estados “menos seguros” estão os governadores do Amapá, Clécio Luís (Solidariedade); da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT); do Pernambuco, Raquel Lyra (PSD); do Ceará, Elmano de Freitas (PT); e de Alagoas, Paulo Dantas (MDB).
Entre os considerados mais seguros, foram convidados os representantes de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL); do Paraná, Ratinho Jr (PSD); do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD); e do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Vieira também convocou os governadores Cláudio Castro (PL) e Tarcísio de Freitas (Republicanos), visto que Rio de Janeiro e São Paulo “são base original das principais facções criminosas do Brasil”, segundo o parlamentar.
Mesmo sem a convocação, Caiado não esconde o desejo de participar do colegiado. O senador Jorge Kajuru (PSB), que integra a CPI, apresentou o requerimento para convocação do chefe do Executivo estadual, após conversa entre as partes. O documento deve ser apreciado pela comissão na próxima sessão da CPI.
Pré-candidato à Presidência da República, Caiado tem nos números goianos na segurança pública a principal plataforma eleitoral do governador, que trabalha para garantir que seu projeto político seja viável em 2026. A CPI é uma oportunidade para o governador expor o modelo de segurança pública aplicado em Goiás, o qual Caiado defende que seja replicado no País.
Além do desejo de Caiado, há o entendimento de que os resultados da gestão do governador goiano são o principal embasamento da tese defendida pela direita no campo da segurança pública. Logo, em sua participação, o governador seria o porta-voz da direita e centro-direita no enfrentamento ao crime organizado.
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Segurança de Caiado é modelo defendido pela direita | Foto: Wesley Costa/Secom Goiás
Caiado como contraponto ao Planalto na CPI
Há também um desejo por resposta da oposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O senador Fabiano Contarato (PT-ES) ficou com a presidência da CPI, o que não agradou os parlamentares opositores aos petistas, apesar de terem emplacado a vice-presidência com o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS).
Ademais, a oposição trabalha para que o governo Lula não saia sem o devido desgaste da CPI. Desde o tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Lula guinou a popularidade do governo com o discurso baseado na soberania nacional. Agora, com as atenções voltadas para a segurança pública, os opositores apostam na possibilidade de reverter os ganhos do governo.
Neste cenário, Caiado seria uma peça importante do tabuleiro, já que o governador critica o enfrentamento do governo federal às facções criminosas há tempos e é o principal opositor à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa ampliar os poderes do Executivo federal na segurança pública, conhecida popularmente como PEC da Segurança Pública (18/2025). (Especial para O HOJE)








