O mercado pet brasileiro continua a impressionar pelo ritmo de crescimento, puxado principalmente pelo avanço expressivo das vendas online. Em 2024, o setor faturou R$ 75,4 bilhões, avanço de 9,6% em relação ao ano anterior. Projeções indicam que o resultado pode chegar a R$ 77,3 bilhões até o fim de 2025, refletindo uma alta acumulada de 12,6%.
Vendas online ganham protagonismo
Embora ainda represente uma fração do total, o e-commerce tem se tornado protagonista no setor. As vendas virtuais no mercado pet já somam R$ 2,4 bilhões, o que corresponde a 40,6% de todo o comércio eletrônico do segmento. Lojas especializadas online lideram essa movimentação, seguidas por grandes redes e pequenos negócios com presença digital.
Esse crescimento é impulsionado principalmente pela venda de alimentos. O comércio eletrônico de rações e petiscos para cães e gatos cresceu 117% nos últimos dois anos, alcançando R$ 670 milhões apenas com essa categoria. Hoje, 4,5% dos lares brasileiros já adquirem alimentação pet por meio digital — o maior índice desde 2020.
Enquanto isso, os canais físicos tradicionais enfrentam retração: petshops independentes e lojas agropecuárias registraram queda de 41% no volume de vendas, evidenciando a migração dos consumidores para plataformas digitais. Já redes com presença online consolidada tiveram crescimento de 3%.
Humanização e tecnologia como motores
A chamada “humanização dos pets” transformou o comportamento de consumo. Os animais de estimação passaram a ser tratados como membros da família, o que elevou a procura por produtos com mais tecnologia, conveniência e qualidade. Entre os itens mais buscados estão comedouros automáticos, caixas de areia inteligentes e brinquedos interativos.
Esse novo perfil de consumo também favorece soluções como compras por assinatura, entregas programadas e ofertas personalizadas. O uso da tecnologia aproxima os tutores da rotina dos pets e fideliza consumidores por meio de praticidade e experiência.
O segmento de alimentos (pet food) permanece como o carro-chefe em faturamento, representando 54,9% do mercado, o equivalente a R$ 42,6 bilhões. Na sequência vêm a venda de animais por criadores (R$ 8,1 bilhões), produtos veterinários (R$ 8 bilhões) e serviços clínicos (R$ 7,6 bilhões).
Pequenos negócios continuam relevantes
Apesar do avanço das grandes plataformas, os pequenos e médios petshops seguem com papel fundamental. Em 2024, esses estabelecimentos responderam por R$ 37,6 bilhões em vendas, o equivalente a 48,7% do mercado. Isso demonstra que, mesmo com a digitalização, o atendimento especializado e a proximidade com o cliente ainda são diferenciais importantes.
As clínicas e hospitais veterinários aparecem em segundo lugar no ranking de faturamento, com cerca de R$ 13,9 bilhões (18%), seguidos pelas grandes lojas físicas, que movimentaram R$ 7,2 bilhões (9,4%).
Previsão de R$ 42,6 bilhões até o fim de 2025
Carga tributária é desafio para o setor
Apesar dos bons números, o setor enfrenta um entrave importante: a alta carga tributária. Atualmente, cerca de 50% do valor pago pelos consumidores em produtos alimentícios para pets corresponde a impostos. Esse índice é considerado desproporcional se comparado a outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, a carga tributária sobre o setor gira em torno de 7%, enquanto na Europa a média é de 18%.
Lideranças do setor pleiteiam a redução desses tributos, argumentando que a alimentação dos animais não pode ser considerada item supérfluo. Há pressão para que o segmento seja incluído na categoria de bens essenciais na reforma tributária, o que permitiria maior competitividade e preços mais acessíveis.
Expectativas e tendências
A previsão para 2025 é de continuidade no crescimento, com estimativas indicando que o faturamento poderá ultrapassar R$ 78 bilhões. Os destaques devem ser os segmentos de medicamentos e serviços veterinários, com crescimento de até 16%, refletindo uma preocupação crescente das famílias com a saúde e bem-estar dos animais.
A tendência é que o setor continue a incorporar tecnologias e soluções inteligentes. A busca por produtos sustentáveis, acessórios conectados e experiências personalizadas tende a se consolidar nos próximos anos. O e-commerce será peça-chave nessa evolução, reforçando sua posição como motor de transformação no varejo pet.
O Brasil já ocupa a terceira posição entre os maiores mercados do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. Esse desempenho é reflexo de uma mudança estrutural nos hábitos de consumo e da consolidação do afeto aos animais como vetor econômico. Mais do que uma tendência, o mercado pet online tornou-se parte de um novo estilo de vida.
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