Nos últimos anos, os casos de sífilis no Brasil cresceram de forma significativa, principalmente entre os homens jovens. De acordo com o Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, em 2023 foram registrados mais de 146 mil casos de sífilis adquirida nessa população, representando 37,8% de todas as notificações no país.
A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode ser adquirida por contato sexual desprotegido, exposição de feridas abertas à bactéria, compartilhamento de objetos perfurocortantes contaminados ou, ainda, transmitida verticalmente, da gestante para o bebê durante a gravidez ou o parto.
Embora seja tratável com antibióticos, a sífilis, quando não identificada precocemente, pode evoluir para quadros mais graves e favorecer novas transmissões. Segundo especialistas, o diagnóstico precoce da Sífilis é fundamental para interromper a cadeia de infecção e evitar complicações.
A Sífilis é uma doença contagiosa por determinados meios, ela pode ser transmitida por: relações sexuais desprotegidas; transfusão de sangue contaminado; contato com sangue de uma pessoa infectada
Como identificar a Sífilis e quais os riscos de cada estágio
A infecção apresenta quatro estágios clínicos que podem auxiliar na sua identificação. O primeiro é a sífilis primária, caracterizada pelo surgimento de uma úlcera indolor no local de entrada da bactéria, conhecida como cancro duro.
Sem tratamento, a infecção evolui para a fase secundária, que ocorre semanas após o contágio. Nesse estágio, podem aparecer manchas pelo corpo, febre e dores de cabeça. Em seguida, a doença entra na fase latente, período em que não há sintomas, mas a bactéria permanece ativa no organismo e pode ser detectada apenas por exames laboratoriais.
A fase mais grave é a terciária, que pode se manifestar anos depois da infecção inicial, afetando órgãos vitais como o cérebro, o coração e os ossos. Por isso, a realização periódica de exames é recomendada, especialmente para pessoas com vida sexual ativa.
Entre os principais exames utilizados para o diagnóstico estão o teste treponêmico (FTA-ABS), o não-treponêmico (VDRL ou RPR) e o teste rápido. O exame VDRL, por exemplo, é amplamente utilizado para a detecção da infecção e, também, para investigar a sífilis congênita e a neurossífilis — uma forma grave da doença que acomete o sistema nervoso.
“A recomendação é que os exames sejam realizados regularmente, mesmo na ausência de sintomas. Gestantes devem fazer o teste no início e no final da gestação para evitar a transmissão vertical”, orienta Thiago Nascimento, biomédico e doutor em patologia experimental com ênfase em imunologia e patologia.
Avanços tecnológicos otimizam exames e ajudam no controle da infecção
Diante do aumento expressivo de casos, a eficiência e a rapidez no diagnóstico são essenciais para conter a disseminação da sífilis. Nesse contexto, a automação laboratorial tem se destacado como uma ferramenta importante.
Um dos equipamentos utilizados nesse processo é o agitador tipo Kline, fundamental na realização do exame VDRL. “O agitador Kline é um equipamento usado no teste de triagem para sífilis. Ele mantém a placa escavada, onde ocorre a reação, em movimento constante, garantindo que a reação aconteça de forma correta e homogênea”, explica Thiago Nascimento.
Esse equipamento permite que várias amostras sejam processadas simultaneamente, aumentando a capacidade dos laboratórios e reduzindo o tempo de espera pelos resultados. “Quando há muitos pacientes para analisar, o método manual limita o número de exames realizados por vez, pois seria necessário agitar placa por placa. Já com o agitador, conseguimos colocar pelo menos quatro placas de uma só vez”, complementa o biomédico.
Além disso, o uso de equipamentos automatizados, como o agitador Kline, ajuda a minimizar erros humanos e a padronizar os procedimentos laboratoriais, resultando em diagnósticos mais rápidos e confiáveis.
Empresas como a FirstLab, especializada na fabricação de produtos para análises clínicas, oferecem soluções utilizadas nesses testes, incluindo o agitador e outros materiais essenciais, como micropipetas, ponteiras, tubos de coleta, curativos e caixas para descarte.
O tratamento da sífilis, conforme orientação do Ministério da Saúde, é feito com antibióticos como penicilina benzatina, penicilina cristalina ou ceftriaxona, variando de acordo com o estágio da infecção. A prevenção, por sua vez, inclui o uso de preservativos, a realização de exames periódicos e o acompanhamento pré-natal para gestantes.
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