Pelo menos 22 pessoas morreram em uma série de ataques aéreos israelenses na Faixa de Gaza na última quinta-feira (17), segundo informações de autoridades locais. Entre os alvos atingidos estava a Igreja da Sagrada Família, única paróquia católica do enclave palestino, onde dois civis morreram e várias pessoas ficaram feridas, incluindo o padre argentino Gabriele Romanelli, ferido levemente nas pernas.
O Patriarcado Latino de Jerusalém confirmou o ataque à igreja e lamentou a morte de um homem e uma mulher que estavam no local. O comunicado afirma: “nada justifica o ataque a civis inocentes” e ainda pede o fim da guerra. Desde o início do conflito, a paróquia abrigava mais de 500 pessoas deslocadas pelos combates. O Vaticano ainda não se manifestou oficialmente, mas o Papa Leão XIV enviou um telegrama expressando profunda tristeza, solidariedade espiritual e orações pelas vítimas.
A ofensiva ocorre no momento em que representantes do Catar, Egito e Estados Unidos conduzem em Doha uma nova rodada de negociações para um cessar-fogo. A proposta discutida prevê uma trégua de 60 dias, com a devolução gradual de 10 reféns israelenses vivos e os corpos de outros 18, em troca da libertação de palestinos presos por Israel. Uma autoridade dos EUA disse nesta semana que as conversas avançam positivamente, mas um negociador palestino classificou as declarações como “vazias de substância”.
Entre os mortos, também estão oito homens responsáveis por proteger caminhões de ajuda humanitária, atingidos em um ataque no norte da Faixa de Gaza. Segundo médicos palestinos, um bombardeio em Jabalia matou sete membros de uma mesma família: pai, mãe e cinco filhos. Outros ataques atingiram as regiões central e leste do território, incluindo Zeitoun, deixando mais vítimas.
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, condenou os bombardeios em nota oficial. “Os ataques contra a população civil que Israel vem realizando há meses são inaceitáveis. Nenhuma ação militar pode justificar tal atitude”, declarou.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram que investigam a explosão nas imediações da igreja católica, mas não apresentaram conclusões até o momento.
De acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, mais de 58 mil palestinos morreram desde o início da campanha militar israelense, em resposta ao ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que deixou 1.200 mortos em Israel, além de mais de 400 vítimas estrangeiras ao longo do conflito. No total, o número de israelenses e estrangeiros mortos ultrapassa 1.600.
O telegrama enviado pelo Vaticano, assinado pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado, reafirma o apelo do Papa por um cessar-fogo imediato e manifesta esperança em diálogo e reconciliação. O papa dirigiu suas orações à comunidade católica de Gaza, em especial aos feridos e às famílias das vítimas fatais do ataque à paróquia.
As imagens do local mostram vidros estilhaçados e bancos danificados. A igreja costumava manter comunicação frequente com o falecido papa Francisco por meio do padre Romanelli, que foi levado ao hospital Al-Ahli, em Gaza, onde recebeu atendimento. Segundo a agência italiana ANSA, ao menos seis pessoas ficaram gravemente feridas no ataque.
Enquanto os bombardeios continuam e a população civil paga o preço da escalada, a pressão internacional aumenta por um acordo que encerre os ataques e viabilize a entrada de ajuda humanitária em Gaza.
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