Um ataque aéreo contra o Hospital Nasser, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, deixou mais de 20 mortos nesta segunda-feira (25). Entre as vítimas estão cinco jornalistas que trabalhavam para veículos de imprensa internacionais e locais. O bombardeio, segundo relatos de autoridades palestinas, ocorreu em duas etapas: um drone explosivo teria atingido a área primeiro, e minutos depois outro míssil atingiu o mesmo local, no momento em que equipes de resgate tentavam socorrer os feridos.
Os jornalistas mortos foram identificados como Mohammad Salama, repórter cinematográfico da Al-Jazeera; Hussam al-Masri, da Reuters; Mariam Dagga, freelancer da Associated Press; Moaz Abu Taha, da NBC; e Ahmad Abu Aziz, ligado à Quds Feed Network e à Comissão Independente para os Direitos Humanos. Organizações de imprensa ressaltaram que todos estavam claramente identificados como profissionais de mídia no momento do ataque.
A morte dos repórteres provocou uma onda de condenações. A Associated Press afirmou estar “chocada e triste” com a perda de Mariam Dagga, de 33 anos, que registrava o colapso do sistema de saúde em Gaza. A Reuters declarou-se “devastada” com a morte de al-Masri e informou que outro colaborador ficou ferido. Já a Al-Jazeera classificou o ataque como um “crime horrível” e reforçou que continuará a cobrir o conflito.
O Comitê para a Proteção dos Jornalistas descreveu o cenário como “o esforço mais letal e deliberado para silenciar jornalistas” em tempos recentes. A Organização das Nações Unidas também condenou a ação, lembrando que hospitais e jornalistas não podem ser considerados alvos legítimos em conflitos armados.
O Médicos Sem Fronteiras afirmou que membros de sua equipe estavam no hospital no momento do bombardeio e tiveram que se abrigar enquanto os ataques prosseguiam. A ONG relatou que socorristas foram atingidos durante a tentativa de resgate das vítimas e classificou a ofensiva como “horrenda”. A organização reiterou o apelo por um cessar-fogo sustentado e pelo respeito às instalações médicas.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que o ataque foi um “acidente trágico” e lamentou as mortes. Segundo ele, Israel “valoriza o trabalho de jornalistas e médicos” e abriu investigação para apurar o episódio. O chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, general Eyal Zamir, confirmou a operação na área e disse que os militares “não têm como alvo civis ou jornalistas”.
Apesar das justificativas, grupos de direitos humanos acusam Israel de violar o direito internacional. A Anistia Internacional condenou os ataques a jornalistas, citando inclusive episódios recentes em frente ao Hospital al-Shifa, que também resultaram em mortes de profissionais de imprensa. A organização defendeu uma investigação independente e responsabilização das autoridades israelenses.
Desde o início da guerra, hospitais da Faixa de Gaza vêm sendo atingidos sob a alegação israelense de que combatentes do Hamas operam dentro das unidades médicas, sem que provas concretas tenham sido apresentadas. Organizações humanitárias e jornalistas denunciam que a ofensiva tem destruído o sistema de saúde e silenciado vozes que registram o conflito.
Dados das autoridades locais indicam que mais de 62 mil palestinos morreram desde o início da guerra, mais da metade mulheres e crianças. Entre os mortos, 273 são jornalistas.
O post Ataque israelense a hospital em Gaza mata cinco jornalistas apareceu primeiro em O Hoje.