A rotina de tranquilidade dos moradores da Vila Mariana, em Aparecida de Goiânia, foi substituída pelo medo. Desde julho deste ano, uma sequência de furtos tem assustado os vizinhos e revelado um aumento preocupante da criminalidade na região. Câmeras de segurança registraram diversas ações, desde o arrombamento de veículos até o furto de fios elétricos.
O primeiro caso ocorreu no dia 21 de julho deste ano, por volta das 21h. Um homem se aproximou de um carro estacionado em frente a uma residência, observou o local por alguns minutos e, após a família proprietária entrar em casa, quebrou o vidro do veículo e levou mochilas escolares. O suspeito, que agiu com calma e fugiu de bicicleta, retornou menos de um mês depois, em 19 de agosto, para cometer outro furto no mesmo endereço, desta vez quebrando o vidro de um segundo carro.
As denúncias dos moradores ajudaram a identificar o autor. Imagens cedidas por uma academia da esquina mostraram o mesmo homem arrombando outro carro de um cliente. Com as provas, a Polícia Militar conseguiu prender o suspeito.
Mas o alívio durou pouco. No fim de outubro, um grupo de cinco homens começou a atuar no setor. As câmeras mostraram parte deles cortando fios de cobre e enrolando cabos, enquanto outros davam cobertura nas esquinas. Os crimes, antes restritos à noite, passaram a ocorrer também durante o dia.
Na manhã do domingo (2), um homem foi flagrado invadindo uma casa vazia que estava à venda. Os vizinhos, ao ouvirem barulhos, chamaram a Guarda Civil Municipal (GCM), que conseguiu deter o suspeito ainda dentro do imóvel. Já na quinta-feira (6), os furtos se repetiram: uma moradora ouviu alguém tentando forçar o portão e alertou o grupo de vizinhos. As câmeras mostraram novamente dois homens furtando fios de cobre.
Os moradores relatam que os criminosos têm agido de forma cada vez mais ousada e violenta. Segundo José Antônio, morador antigo da rua, a sensação é de abandono: “A gente pede, pede às autoridades, liga. É dia e noite, muitos já estão colocando as casas à venda. É assustador. A rua inteira está cortada. Eles olham, escolhem ali e vão com facão mesmo”.
A moradora Raianny Rosa também viveu momentos de tensão. “Eu estava trabalhando na sala e ouvi barulho na trava do meu portão. Fui ver e parecia que alguém queria pular o muro. Depois, percebi que ele tentou subir para pegar os fios. Colocou até um tijolo perto do portão para alcançar. Foi desesperador.”
A situação tem mobilizado a vizinhança, que se organiza em grupos de mensagens e instalou mais câmeras de segurança. Em algumas ruas, moradores relatam viaturas circulando durante a madrugada, o que indica intensificação das rondas policiais.
PM acompanha situação de furtos
Em nota enviada ao Jornal O HOJE, a Polícia Militar de Goiás (PM-GO) confirmou que tem acompanhado a situação no setor. “A Polícia Militar informa que já tem ciência da situação relatada e que três prisões já foram efetuadas relacionadas a este fato. Além disso, serão intensificadas as ações de policiamento na região, com o objetivo de reforçar a segurança e garantir maior tranquilidade à população local”, informa o documento.
A equipe ressalta a importância de que a população registre as ocorrências, para que a PM-GO tenha conhecimento dos fatos e possa direcionar o policiamento de forma mais eficaz. O registro deve ser feito pelo 190 ou pelo telefone funcional da viatura (62) 99968-4589.
A prefeitura de Aparecida de Goiânia, por meio do Grupo de Gestão Integrada Municipal (GGIM), também respondeu. “As forças de segurança do município têm realizado operações constantes e integradas no âmbito do GGIM, com o objetivo de coibir a ação de criminosos e fortalecer o enfrentamento à criminalidade. As ações são executadas de forma contínua, planejada e estratégica, reforçando o compromisso da gestão com a segurança e a tranquilidade da população aparecidense.”
Apesar dos esforços, o clima entre os moradores ainda é de insegurança. Com furtos se tornando mais frequentes e ousados, a Vila Mariana se transformou em um símbolo da crescente sensação de vulnerabilidade urbana. Muitos temem que, sem medidas mais efetivas, o bairro, antes conhecido por sua calma, continue sendo alvo da criminalidade que, agora, não escolhe mais hora para agir.








