Bruno Goulart
O presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, afirmou que aceitaria um convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para uma conversa, que pode ocorrer nos próximos dias. Apesar da possibilidade de diálogo com o Palácio do Planalto, Rueda fez questão de reforçar que o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, segue como o pré-candidato da legenda à Presidência da República em 2026.
“Se o presidente Lula me chamar para conversar, eu, como presidente do União Brasil, vou continuar exercendo o diálogo de forma transparente e construtiva, sempre buscando soluções para o País e mantendo o respeito às diferenças que fazem parte da nossa identidade. Esse diálogo também é importante para que ele possa ouvir o que consideramos necessário rever na atual gestão”, declarou Rueda ao O HOJE.
Na avaliação do dirigente, a movimentação não significa isolamento político de Caiado. “Pelo contrário. Ele é o nosso pré-candidato à Presidência da República e uma das principais referências do partido, reconhecido nacionalmente pela gestão eficiente, pelo compromisso com a responsabilidade fiscal e pelo cuidado com as pessoas e com a segurança pública. Participa ativamente das discussões e decisões estratégicas, contribuindo com experiência e liderança para o fortalecimento do União Brasil”, afirmou.
Atualmente, a sigla comanda três ministérios no governo Lula — Integração e Desenvolvimento Regional, com Waldez Góes; Turismo, com Celso Sabino; e Comunicações, com Frederico Siqueira. Nas últimas semanas, Lula tem intensificado conversas com líderes partidários para buscar apoio no Congresso e sondar possíveis alianças para 2026.
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Ex-deputado federal e presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO), Delegado Waldir (União Brasil) minimiza qualquer possibilidade de aliança com Lula nas próximas eleições. “O candidato do União Brasil e da federação com o PP é o governador Ronaldo Caiado. Manter a governabilidade não quer dizer que vamos caminhar com o atual governo. A chance de o partido apoiar Lula numa reeleição é zero. Somos direita raiz. A ocupação de alguns ministérios não muda isso. Basta ver como votamos no Congresso”, disse.
Gesto institucional
Aliados de Caiado avaliam que a eventual conversa entre Rueda e Lula não deve ser interpretada como aproximação política. Para as fontes ouvidas por O HOJE, trata-se de um gesto institucional de quem lidera um partido que ainda integra a base do governo. Um integrante próximo ao governador resumiu: “Se o presidente chamar, é natural conversar. Mas, na prática, o União Brasil já atua de forma independente e, na maioria das vezes, vota contra o governo no Congresso”.
Essa ambiguidade é o pano de fundo para a leitura de que, mesmo que mantenha ministros no governo, o União Brasil já opera de forma autônoma no Parlamento. A legenda tem adotado uma estratégia pragmática: preservar espaços na Esplanada enquanto define o momento político mais adequado para oficializar um distanciamento.
O próprio Rueda já havia admitido, em outras ocasiões, que o partido avalia o desembarque, mas sem pressa. Até lá, a manutenção de conversas com Lula pode servir para defender interesses da sigla e dos ministros que ocupam pastas estratégicas.
Paradoxo permanece
Ainda assim, o paradoxo permanece: um partido que se declara opositor, prepara candidatura presidencial de um governador identificado com a direita e, ao mesmo tempo, mantém três ministérios no governo de um presidente de esquerda. Rueda, contudo, aposta no equilíbrio entre o discurso e a ação política. “Diálogo é parte do jogo”, resume um integrante do grupo ao O HOJE. (Especial para O HOJE)
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