O senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP e da federação com o União Brasil, tomou um passa-moleque aplicado pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Ciro bateu na mesa mostrando as cartas que tinham ele de um lado e, do outro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Caiado gritou: “É truco, ladrão”. O piauiense cometeu a trapalhada de excluir o goiano da luta pela Presidência da República. Foi seu último ato como líder de federação, pois sua patacoada custou-lhe a liderança e a própria federação, que hoje é uma ficção. A proposta é que cada partido mantenha a sua autonomia (“cada um no seu quadrado”), cuidando dos seus próprios deputados e senadores, o que os fortaleceria mais para as eleições.
Caiado é bastante religioso e deve ter encarado a deselegância de Ciro como um livramento. A partir de agora, está livre de ser liderado por alguém abaixo da crítica. Ciro é lulista antigo, dilmista antiquado e bolsonarista antipovo. O resultado foi o que se espera de um camaleão: está isolado no Piauí e não consegue se reeleger nem com reza brava do livro de São Cipriano da Capa Preta. Queria transformar um limão numa soda limonada e acabou num tanque de soda cáustica: está sem clima para coisa alguma.
Foi ótimo para seus adversários e Caiado não era um deles. Em Goiás, Caiado sempre tratou bem o PP: apoiou Alcides Rodrigues para vice-governador em 1998 e para governador no 2° turno de 2006. Em seus mandatos no Palácio das Esmeraldas, Caiado abrigou os pepistas, inclusive com a candidatura do presidente regional da sigla, Alexandre Baldy, a senador em 2022. Atualmente, o PP tem dois cargos no 1° escalão estadual, a Secretaria de Indústria, Comércio e Serviços e a Agência de Habitação, a Agehab, ocupadas pelos irmãos Joel de Sant’Anna Braga Filho e Alexandre BYD. Quem brigou com Caiado não foi o PP, foi Ciro.
A confusão armada pelo piauiense serviu para Caiado também internamente no União Brasil. A Operação Contenção, feita pelas Polícias Militar e Civil do Rio de Janeiro nos complexos do Alemão e da Penha, mostrou ao País o estilo Caiado de fazer segurança pública: resolvendo o problema. Para os honestos, tudo; para o bandido que enfrenta a PM e a PC, a oportunidade de jogar a arma no chão e se render. O pré-candidato do UB passou a ter suas ideias validadas pela realidade. Pode estar atrás nas pesquisas, mas será alternativa para quem pesquisa atrás de um administrador de resultado.
Se Caiado ficar sem espaço no UB, atropelado por algum sem noção no nível de Ciro, pode ir para qualquer dos partidos que já o convidaram. O Podemos, por exemplo. Acabou a conversa de partido grande ou nanico, de tempo de TV, esses detalhes anacrônicos. Jair Bolsonaro ganhou o Palácio do Planalto, sede do Executivo federal, num nanopartido, o PSL, que no Horário Eleitoral de 2018 lhe dava 1 minuto… por semana. Mesmo com a federação implodida, Caiado vai ter nas redes sociais a repetição do êxito de que desfruta desde a explosão das mídias digitais.










