Em meio a saída dos partidos do Centrão da base do atual governo, o aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e um dos defensores da manutenção do União Brasil na base governista, presidente do Senado Federal Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), tem feito exigências ao petista para seguir cumprindo agendas importantes do Planalto na Casa Alta. As condições são promessas feitas pelo senador, na época em que negociava apoio para sua candidatura à presidência da Casa.
Alcolumbre tem mostrado insatisfação com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD). O presidente do Senado prometeu nomeações na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e na Agência Nacional de Mineração (ANM) para colegas parlamentares, durante o período em que negociava apoio a sua candidatura. Porém, Silveira já mostrou resistência às indicações de Alcolumbre – que também articula junto ao governo federal a criação de uma nova diretoria no Banco do Brasil para abrigar aliados.
Além disso, Alcolumbre está envolvido na indicação de Pedro Lucas (MA), líder do União Brasil na Câmara dos Deputados, para o Ministério das Comunicações. Pedro é o provável substituto de Juscelino Filho (União Brasil-MA) – também indicado por Alcolumbre -, que pediu demissão da pasta após ser acusado de corrupção pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
As exigências não são à toa. O governo conta com Alcolumbre para resolver o impasse no Ministério das Comunicações – Lucas já garantiu que só irá assumir o cargo com o apoio da bancada do partido na Casa Baixa, a qual ele lidera. Ademais, Lula teme a tramitação da principal pauta bolsonarista nos dias atuais: o PL da Anistia.
A pressão para que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), paute o projeto que visa anistiar os presos pelo 8 de janeiro tem se intensificado e a cúpula do Planalto teme que o republicano não resista. Caso o projeto tramite na Câmara e seja aprovado, o petista conta que Alcolumbre resistirá ao tema na Casa Alta – e para isso, o petista precisará ceder aos pedidos do presidente do Senado.
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Questão Caiado
Para além das preocupações com as pautas governistas e a luta para frear o projeto da anistia, Lula e seus interlocutores precisam tratar a relação com o União Brasil com sua devida importância e cuidado. Pensando em 2026, o presidente se preocupa com uma debandada dos partidos de centro.
Algumas das principais siglas do Centrão – como PP e PSD – já estão distantes do atual governo, e o partido de Antônio Rueda, que permanece na base, está dividido em duas alas: os que defendem a permanência do União Brasil no apoio ao atual governo e aqueles que reivindicam a pré-candidatura do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) à Presidência da República.
Lula não planeja se indispor com Alcolumbre, já que o presidente do Senado é uma das principais figuras que defendem a permanência do partido na base do petista, e também, dessa forma, o petista consegue frear o projeto político de Caiado. Para o governador, um impasse entre os líderes significaria um pouco mais de respaldo interno ao seu projeto – que é o principal desejo de Caiado atualmente. (Especial para O Hoje)