Bruno Goulart
Em entrevista ao programa Momento Político, do jornal O HOJE, a vereadora de Goiânia Aava Santiago (PSDB) fez um balanço crítico e propositivo sobre os governos federal, estadual e municipal. Ela elogiou avanços do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como a retirada do Brasil do mapa da fome e a redução do desemprego, mas também criticou a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, classificando-a como “fraca” e marcada por falta de articulação política e transparência.
Ao jornalista Felipe Cardoso, a parlamentar destacou que, embora a popularidade de Lula esteja em baixa, é preciso reconhecer os fatos positivos de seu governo, como a retomada de políticas públicas e a priorização de programas sociais. “O Brasil saiu do mapa da fome de novo, o desemprego caiu e políticas públicas voltaram a ser importantes”, disse. No entanto, ela não poupou críticas ao governo Bolsonaro (PL), lembrando das manobras para se eleger, como o consignado do Auxílio Brasil e os gastos em eventos como a “motociata”. A vereadora também atribuiu a criação do orçamento secreto ao ex-presidente, afirmando que a falta de transparência no uso de recursos públicos foi uma marca de sua gestão.
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Sobre isso, a vereadora apoiou a iniciativa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, de rastrear os gastos com emendas parlamentares, mas lembrou que a prática de usarem recursos públicos sem controle nasceu no governo Bolsonaro, com o orçamento secreto. “Eles não querem que a gente saiba para onde está indo o dinheiro público. Efeito de governo fraco”, afirmou.
Críticas a Caiado
A parlamentar também direcionou críticas ao governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), que, segundo ela, não enfrenta uma oposição forte no estado, por ser uma figura “autoritária”. Sobre a pretensão de Caiado de concorrer à presidência da República, Aava foi enfática: “Não é um apelo do partido. É um apelo pessoal. Tanto é que o próprio partido não vai comparecer ao lançamento de sua pré-candidatura em Salvador”. Ela ainda ressaltou que questiona políticos que querem usar o país para “realização de desejos pessoais”, em uma direta ao governador.
Outro ponto abordado foi a construção do Complexo Oncológico de Referência do Estado de Goiás (Cora), que, segundo ela, atenderá apenas 3% dos pacientes oncológicos do estado. “É uma estrutura gigantesca, caríssima, feita sem licitação, para atender apenas 3% de pacientes oncológicos”, disse, contrastando com a precariedade do Hospital Araújo Jorge, que atende 70% dos casos com estrutura deficiente e falta de conforto para pacientes e familiares.
Avaliação da gestão municipal
No âmbito municipal, Aava criticou vereadores que apoiaram o ex-prefeito Rogério Cruz (Solidariedade) durante quase todo o mandato, mas que, faltando dois meses para o fim da gestão, tentaram abrir um processo de impeachment contra ele. “É cínico. Não chuto cachorro morto”, disse. Sobre o atual prefeito, Sandro Mabel (UB), ela reconheceu iniciativas positivas, mas questionou a taxa do lixo e a falta de diálogo com a Câmara Municipal. “Ele está acostumado com a iniciativa privada, mas na pública as coisas funcionam com diálogo. Ele não enxerga a grandeza do parlamento”, afirmou.
A vereadora também discordou da alegação de que Goiânia está em calamidade financeira, como defendido por Mabel. Para ela, a situação é desafiadora, mas não justifica medidas extremas sem ampla discussão com os vereadores e a sociedade.
Fusão do PSDB
Sobre a fusão do PSDB, ela disse que é possível que o partido se funda com outro e não com o PSB, de Gilberto Kassab. “Estamos conversando com o Podemos e Solidariedade”, finalizou.