Os vereadores da oposição denunciam os baixos investimentos do prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil), em áreas essenciais. No decorrer da prestação de contas à Câmara Municipal, ele mostrou irritação com os manifestantes, que em sua maioria eram compostas de entidades de profissionais da educação. A hostilidade atestou o tom da administração, que se fechou ao diálogo com os mais pobres, disse a oposição.
Em um certo momento, o vereador Lucas Vergílio (MDB) questionou questões como: à queda nas despesas, à paralisação nos investimentos e à aplicação de recursos na educação — abaixo do mínimo constitucional. O parlamentar disse que isso impactou no resultado do superávit que foi “insuflado e é artificial”. “A não execução de despesas na educação e na assistência social é um ajuste fiscal à custa da população. Não há obras e não se gasta com serviços essenciais”, afirmou.
Leia mais: Prestes a ser derrubado, IOF escancara teimosia do governo Lula
Ao HOJE, Aava Santiago (PSDB) explicou que o prefeito tem se mostrado bastante inabilidoso em ser questionado, ser contrariado, o que talvez esteja firmado no seu histórico como gestor de empresas. “Ele ainda não transacionou a sua mente, o seu comportamento, a sua percepção de um gestor de empresas para um gestor público”, disse.
Defesa
Ao Hoje, Pedro Azulão (MDB), que é um defensor da administração, disse que em todas as prestações de conta, alguns servidores, que não são a maioria, são as mesmas “figurinhas carimbadas”, vão à Câmara para criar um movimento. “O prefeito não tem que aguentar tudo calado da oposição, porque a oposição ela torce para ‘o quanto pior, melhor’. Do jeito que eles atacam, vejo muita deselegância da oposição falando com o prefeito. Pegam pesado. Não vejo truculência, é uma resposta”, explicou.
Administração ruim
Ao HOJE, Fabrício Rosa (PT) afirmou que a má gestão se dá no sentido de que ele não consegue dialogar com os servidores e com a população acerca do que ele pretende fazer. “Um exemplo é o CRDT, que atende milhares de pessoas que vivem com HIV, usuários de Prep (Profilaxia Pré-Exposição) e de outros medicamentos. Mabel vai mudar o CRDT de lugar sem falar com os trabalhadores e sem falar com os usuários. Isso é sintoma de uma péssima gestão. O prefeito está levando o CRDT para o Cidade Jardim, onde já existe uma UPA, e as pessoas daquela UPA também não querem receber o CRDT. Fizeram um abaixo-assinado com mais de 500 assinaturas”, disse.
“Existem outros sintomas. Quando falo que Mabel confunde o público com o privado, ele me atacou e atacou a vereadora Aava Santiago dizendo que se a gente indicasse o bairro em que a gente mora, o prefeito deixaria por último no cronograma de troca da iluminação pública do programa Brilha Goiânia. Isso demonstra uma falta de apreço à impessoalidade, desapreço ao respeito às instituições, ao republicanismo”, salientou.
“É uma visão autoritária de mundo. Porque, na verdade, o prefeito não ataca a nós, ele ataca as pessoas mais pobres, as pessoas que precisam, as mulheres que voltam do trabalho à noite e gostariam de ver o seu bairro iluminado, os adolescentes que saem da escola e quem está nos pontos de ônibus. Ele pretere essas pessoas e prioriza os moradores de condomínios luxuosos. Isso demonstra uma insensibilidade muito grande com a prioridade da gestão”, disse.
“Ninho de ratos”
Durante a sessão da prestação de contas, ressaltou que um CMEI que ele anunciou o fechamento era um “ninho de ratos”. “É inaceitável e absurdo que o prefeito Sandro Mabel use termos como ninho de ratos para se referir a um CMEI que presta excelente serviço à comunidade já há 16 anos. Essa fala é uma agressão a toda a rede municipal de educação, aos profissionais que se dedicam diariamente à formação das crianças que ali estão e também às famílias que confiam nesse espaço como um lugar de cuidado, acolhimento e aprendizado”, disse.