O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou neste domingo (25) os ataques à Universidade de Harvard ao exigir, por meio de uma publicação na rede social Truth Social, que a instituição revele “nomes e países” dos estudantes estrangeiros matriculados. A declaração reacende a tensão entre o governo e a universidade, acusada por Trump de receber estudantes de países “nada amigáveis aos Estados Unidos” sem contrapartida financeira.
“Por que Harvard não diz que quase 31% de seus alunos são de países estrangeiros, e ainda assim esses países, alguns nada amigáveis aos Estados Unidos, não pagam nada para a educação de seus alunos, nem pretendem fazê-lo?”, escreveu o presidente em tom de crítica.
De acordo com dados oficiais da universidade, cerca de 27% do corpo discente é composto por estudantes internacionais. No ano letivo de 2024–2025, 6.793 alunos vindos de pelo menos 147 países e territórios estavam matriculados em programas de graduação e pós-graduação. Os maiores grupos vêm da China, Canadá, Índia, Coreia do Sul e Reino Unido.
Harvard já havia divulgado, em outubro de 2024, um relatório com os países de origem de seus alunos estrangeiros. A instituição destaca que estudantes internacionais não são elegíveis para financiamento federal norte-americano, mas têm acesso a bolsas próprias e oportunidades de trabalho subsidiadas pela própria universidade.
Apesar da transparência dos dados, Trump acusou a instituição de “não ser exatamente transparente” e afirmou que seu governo quer saber “quem são esses estudantes estrangeiros”. A fala se insere em um contexto de crescente tensão entre a universidade e a Casa Branca.
Na semana passada, o governo tentou proibir Harvard de matricular novos alunos estrangeiros, medida que levou a instituição a acionar a Justiça. A decisão foi temporariamente suspensa por um juiz federal, permitindo a continuidade das matrículas. A ação faz parte de uma ofensiva mais ampla contra instituições de ensino que, segundo a administração Trump, estariam resistindo a diretrizes federais em temas como imigração, segurança nacional e financiamento.
A tentativa de restringir a presença de estudantes internacionais — que respondem por parte significativa da produção científica e inovação nas universidades americanas — gerou críticas de reitores, pesquisadores e representantes do setor educacional. Para eles, a medida representa um risco à liberdade acadêmica e à competitividade dos Estados Unidos como polo de formação de excelência.
A Universidade de Harvard reafirmou seu compromisso com a diversidade internacional e a autonomia universitária. Em nota, declarou que “o intercâmbio global de ideias e talentos é parte essencial da missão acadêmica da instituição”.
O governo, por sua vez, não apresentou evidências de que estudantes estrangeiros representem ameaça à segurança nacional. Ainda assim, Trump reiterou que universidades que se recusarem a seguir as diretrizes federais poderão perder acesso a recursos públicos.