O aumento da tarifa sobre os produtos brasileiros para 50%, anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acendeu o alerta do setor empresarial brasileiro. Com isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) — principais interessados no bom relacionamento com a Faria Lima —, se movimentam nos bastidores para contornar a crise.
Tarcísio convocou empresários para uma reunião no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, nesta terça-feira (15). O encontro terá a presença do chefe da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar. Paralelamente, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), tem uma reunião marcada com o empresariado em Brasília. O objetivo do Executivo é discutir com os empresários quais serão as medidas tomadas.
Possivelmente rivais nas eleições presidenciais de 2026, Lula e Tarcísio tentam agradar o setor empresarial. O petista procura dialogar com os empresários para dar tração ao seu projeto de reeleição. Enquanto isso, o chefe do Executivo paulista busca ter o apoio irrestrito da Faria Lima — que já enxerga Tarcísio como o candidato ideal para 2026.
Com a taxação de Trump, a situação de Tarcísio se complicou. Isso porque o setor empresarial entende que o governador precisava sair em defesa da economia paulista em primeiro plano, enquanto o discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), padrinho político do governador, busca intensificar a agenda pela anistia — ao defender que o perdão resolveria os problemas com Trump. Ambos queriam a atenção total de Tarcísio, que tentou agradar ambos, mas acabou desgastado.
A circunstância desencadeou em um momento de fragilidade do chefe do Executivo paulista, que ainda não possui uma experiência política robusta. Na contramão, o governo federal aproveita a situação para intensificar a pressão por uma negociação com o governo americano e transformar a crise em um case de sucesso da gestão petista.
A cúpula do Palácio do Planalto entende que se contornar a situação da tarifa e manter o discurso da soberania brasileira, o governo Lula terá uma vitória sobre a oposição. Além disso, é uma nova oportunidade de mostrar o poder de negociação do Executivo.
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Escolha difícil
Encurralado pela conjuntura política que sucedeu o tarifaço de Trump, Tarcísio explicou para Bolsonaro que, diante da crise pelo tarifaço, irá adotar o discurso em defesa da economia paulista e colocar a defesa pela anistia em segundo plano, conforme divulgado pelo jornal Folha de S.Paulo.
O governador paulista é o favorito pela centro-direita e por alas do bolsonarismo para substituir Bolsonaro em 2026 como representante da direita. Porém, Tarcísio não é tão querido pelos aliados mais radicais do ex-presidente. Em síntese, as críticas dos radicais consistem em dizer que o chefe do Executivo paulista não defende as pautas do bolsonarismo com o entusiasmo desejado. A postura do governador diante do impasse com os Estados Unidos é munição para a narrativa defendida pela ala radical do bolsonarismo. (Especial para O Hoje)
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