A sessão da CPMI do INSS realizada nesta quinta-feira (2/10) foi marcada pela exibição repetida de trechos de uma reunião ministerial de 2020. A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) apresentou três vezes o vídeo em que o então presidente Jair Bolsonaro afirma que mudaria pessoas na área de “segurança” para proteger familiares. A exibição gerou reações de parlamentares e interrompeu os trabalhos da comissão.
O vídeo em questão já havia sido divulgado no inquérito que investigou suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal após a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça. Nas imagens, o ex-presidente demonstra irritação e reclama de investigações envolvendo pessoas próximas.
Durante a sessão, Thronicke justificou a repetição do material dizendo que cidadãos haviam pedido que a gravação fosse mostrada novamente. Em uma das ocasiões, a senadora apontou para o deputado Pompeu de Mattos (PDT-RS) e declarou que ele não teria visto o vídeo antes. Logo depois, a comissão foi suspensa por dez minutos.
No retorno, Sergio Moro pediu a palavra. O senador disse que a reunião exibida não tinha relação com o tema em discussão na CPMI. Moro também declarou que teve ampla autonomia enquanto esteve à frente do Ministério da Justiça. A fala foi seguida de novo bate-boca.
O episódio ocorreu em meio à investigação sobre o escândalo do INSS. Reportagens revelaram irregularidades em entidades que arrecadavam mensalidades de aposentados. Os levantamentos indicaram valores de R$ 2 bilhões em um ano e milhares de processos judiciais contra associações. A apuração levou à Operação Sem Desconto, deflagrada em abril deste ano, que resultou na saída do presidente do INSS e do então ministro da Previdência, Carlos Lupi.
A CPMI segue colhendo depoimentos e reunindo documentos relacionados às denúncias. A exibição do vídeo reacendeu o debate sobre a relação entre o governo Bolsonaro e as investigações da Polícia Federal.