A sessão ordinária da última quinta-feira (23) na Câmara Municipal de Goiânia tornou-se palco de uma demonstração de força política do vice-governador Daniel Vilela (MDB). Durante a entrega do título de cidadão goianiense para Paulo Ortegal, emedebista histórico, e Heder Vallim Barbosa, irmão do presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-GO), Helder Valim, o plenário da Casa foi tomado por lideranças da legenda capitaneada pelo vice-governador.
A participação de Vilela na solenidade não se estendeu em razão de uma agenda em Mozarlândia, no interior do Estado. Apesar da rápida passagem pela Câmara, o vice-governador recebeu os afagos dos vereadores presentes e da Mesa Diretora.
A sessão na Casa de Leis contou com a presença de figuras históricas do partido — e de diferentes alas. Nomes como o ex-senador Mauro Miranda, o ex-deputado federal Euler Morais, o ex-presidente da Câmara, Andrey Azeredo, e o ex-prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha (PSD). Estavam presentes tanto iristas históricos quanto aliados do maguitismo.
MDB unificado
A presença da cúpula do MDB goiano mostrou a sintonia dentro do partido, sobretudo com o vice-governador, que será candidato ao governo estadual em 2026 e é a principal expectativa de poder dentro da legenda no Estado. Ao O HOJE, o mestre em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Tiago Zancopé, explicou que a distinção entre as alas ligadas aos ex-governadores de Goiás, Iris Rezende e Maguito Vilela, que surgiu nas eleições de 1998, “finalmente acabou”.
“A ida do Daniel para prestigiar o Dr. Paulo, que é uma figura ligada ao irismo, é um gesto de que não existe mais essa distinção entre o MDB do Iris e o do Maguito. Existe agora o MDB. As lideranças do MDB são lideranças que foram forjadas por Iris e por Maguito. Não existe mais isso de ser irista ou ser maguitista. Quem insistir nisso é porque está preso ao passado. É um anacronismo querer insistir numa distinção dentro da legenda”, avaliou o historiador.
Em consonância, Euler Morais afirmou que o evento foi uma demonstração da união do partido em torno do vice-governador. O ex-deputado foi além e explicou que, apesar das divergências, nunca houve uma fissura dentro da sigla. “Por razões de circunstâncias, alguns foram mais ligados ao Iris, outros foram mais ligados ao Maguito, mas isso nunca representou divergência e não representou uma fissura no partido”, garantiu o emedebista para a reportagem do O HOJE.
Leia mais: Como fica o PL goiano diante do silêncio de Bolsonaro sobre eleições de 2026
Plenário da Casa estava repleto de emedebistas | Foto: Gustavo Mendes/Câmara Municipal
“No compasso da espera”
Euler também explicou que, na realidade, o partido vive “no compasso de espera” das missões que serão delegadas pelo vice-governador, que preside a legenda estadual. “No ano de campanha, o partido precisa mobilizar seu exército para obter uma vitória que retorne o MDB ao poder”, afirmou o ex-parlamentar.
Há 26 anos sem governar o Estado, o sentimento emedebista é de que, com Daniel, a legenda tem a melhor oportunidade em 27 anos para voltar a chefiar o Palácio das Esmeraldas. Uma fonte próxima de Vilela opinou que “só o PT”, em razão do aspecto ideológico, possui homogeneidade e unificação dentro da sigla em prol de um projeto político como o MDB. (Especial para O HOJE)










