Após alguns arranca-rabos, o Partido Liberal (PL), do ex-presidente Jair Bolsonaro, e a base governista, chefiada pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil), ao que tudo indica, alçaram as bandeiras brancas e pediram um momento de trégua. Isso porque o PL de Goiás, comandado pelo senador Wilder Morais, desistiu de recorrer da ação contra Caiado e a chapa encabeçada pelo atual prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil).
A desistência se deu em função de uma articulação movida nos bastidores da política goiana. Fontes próximas ao grupo governista e também às lideranças do PL afirmam que a decisão foi tomada com o objetivo de unir forças por “uma só direita”.
O ex-candidato à Prefeitura de Goiânia, Fred Rodrigues, se reuniu com Caiado para tratar do assunto e garantiu à imprensa goiana que o pedido partiu do chefe do Executivo goiano. Além disso, Rodrigues garante que a tramitação do projeto de lei que visa anistiar os presos pelo 8 de janeiro é o principal objetivo do PL atualmente, e que a sigla não pretende focar em outras agendas atualmente. É válido frisar que, recentemente, Caiado esteve na manifestação pelo projeto da anistia na avenida Paulista junto a Bolsonaro. O governador fez questão de aliar-se à causa vista como humanitária pelo ex-chefe do Executivo e companhia.
Ademais, Rodrigues negou que haja alguma negociação entre as bases para a eleição de 2026. Porém, como o próprio Bolsonaro já afirmou publicamente que uma composição com o vice-governador Daniel Vilela (MDB) em Goiás não seria descartada e que o ex-presidente tem como foco prioritário fazer o maior número de senadores no Congresso, uma composição da base governista com o PL, com uma vaga para o Senado destinada ao núcleo duro de Bolsonaro, não é uma opção descartável.
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Conforme mostrado pelo O HOJE, dias atrás o PL estava decidido a levar o processos adiante. Na semana passada, o Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) acatou, parcialmente, os argumentos apresentados pela defesa do governador e do prefeito da capital.
O entendimento opõe a primeira decisão do Tribunal que foi pela cassação da chapa e inelegibilidade do governador goiano que é, também, pré-candidato à presidência da República em 2026. Entretanto, a decisão não afirma que não houve favorecimento a Mabel. A prática de conduta vedada continuou no entendimento do TRE-GO, porém, a pena foi reduzida. Ao invés de inelegibilidade e cassação da chapa, os envolvidos irão pagar a multa prevista na condenação de dezembro – que somadas ultrapassam R$ 100 mil.
Vale ressaltar que a decisão do PL contradiz o discurso do vice-presidente do diretório em Goiás. Fred Rodrigues não titubeou ao afirmar, na última semana, que o partido recorreria da segunda decisão. “É um processo muito sério e na própria decisão do TRE [de Goiás] admitiram que houve a conduta vedada, divergindo da sentença de 1º grau quanto à punição. Estou ajustando os detalhes com os advogados e devemos recorrer em breve”, declarou o político no dia 11 de abril. (Especial para O Hoje)