O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nas últimas semanas, tem dado declarações que dão a entender que desistiu do discurso de candidato à Presidência da República. No entanto, desde junho de 2023, a condenação por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação oficiais o deixou fora do jogo — Bolsonaro está inelegível até 2030. Além disso, a ação penal por tentativa de golpe de Estado pode o levar à prisão.
Segundo interlocutores do partido, as manifestações públicas dos membros e do próprio líder da direita compõem uma estratégia que, na prática, tem a intenção de demonstrar que rejeita essas ações do Supremo Tribunal Federal (STF). Com os sinais de recuo de Bolsonaro em relação a esse plano, uma nova estratégia, revelada em eventos, tende a prevalecer.
No Encontro Nacional de Mandatárias, no início de junho, apontou que busca um número maior de cadeiras no Senado Federal. Em sua visão, ‘retomará’ o controle do Brasil por meio da Casa de Leis. “Nós decidimos quem vai ser indicado ao Supremo. As agências só terão pessoas qualificadas. Ouso dizer: mandaremos mais que o próprio presidente da República. Deus tem me mostrado caminhos para mudarmos o destino do Brasil”, afirmou o ex-presidente.
Leia mais: Festa de aniversário de Wilder Morais reúne 8 mil pessoas e amplia sinais de candidatura ao governo
Em uma mensagem enviada aos seus apoiadores na parte da manhã do dia do evento das mulheres, comentou sobre a pesquisa Quaest, divulgada na data, em que os dados indicam uma tendência de aumento na desaprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “As eleições estão nas mãos dos conservadores.” Por fim: “Juntamente com outros partidos de centro-direita, devemos fazer uma ampla maioria na Câmara e mais de 40 para o Senado”.
Mais recentemente, na manifestação da Avenida Paulista, no último domingo (29/6), em seu discurso, Bolsonaro sinalizou, novamente, que adotará a estratégia política para as eleições de 2026. Em declaração, o ex-presidente acenou indiretamente para os possíveis presidenciáveis à direita.
O ex-presidente pediu apoio para eleger metade do Congresso Nacional, que assim mudaria o Brasil. “Me deem 50% da Câmara e 50% do Senado que eu mudo o destino do Brasil. Nem preciso ser presidente. O Valdemar [Costa Neto] me mantendo como presidente de honra do Partido Liberal, nós faremos isso por vocês”, disse Bolsonaro.
Planejamento no Estado
Essa estratégia pode colocar em xeque as candidaturas da base caiadista em Goiás. No sentido que a formação de uma chapa do Partido Liberal concorrerá diretamente com a chapa majoritária da base do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). Também, a pré-candidatura do senador Wilder Morais (PL) ao governo representa uma afronta ao projeto político de Caiado.
Com os constantes flertes do gestor estadual ao nicho bolsonarista — às pautas, aos símbolos e ao próprio ex-presidente —, o cenário que começa a se formar para as eleições será mais focada nos conflitos regionais do que em questões nacionais. Para completar, o próprio ex-presidente endossa a pré-candidatura de Caiado à presidência.
Rivalidade
O fator que aponta que os lados não devem se encontrar em seus projetos é a afirmação categórica por parte do deputado federal Gustavo Gayer (PL) de se afastar de oportunistas. “Elegemos parlamentares comprometidos com a verdade e atuantes pela liberdade e dignidade do povo de bem. Vereadores, deputados estaduais, deputado federal, um senador. Mesmo assim ainda passaram algumas ‘Joices Hasselmanns’. Vamos afunilar ainda mais para barrar esses mal-intencionados logo de cara”, disse o parlamentar ao O HOJE no dia 27 de maio.
“Não faz sentido que um Estado com perfil conservador como o nosso seja palco para pessoas que não lutem pelos princípios e valores mais caros que temos: a vida, nossas famílias, nossa liberdade, o exercício da nossa fé em Deus. Isso é inegociável”, apontou Gayer na ocasião. (Especial para O Hoje)
O post Recuo de Bolsonaro pode impactar eleições em Goiás apareceu primeiro em O Hoje.