O novo reajuste na tarifa do transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia (RMG) acendeu o alerta entre as prefeituras que integram o sistema metropolitano. Com orçamentos apertados e dificuldades financeiras, os municípios temem que o aumento no valor da passagem pressione ainda mais as finanças públicas, uma vez que parte do subsídio do transporte é bancada por eles.
A aprovação da nova resolução pela Agência Goiana de Regulação (AGR) elevou a tarifa técnica de R$ 9,81 para R$ 12,51. O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil), foi um dos primeiros a se manifestar de forma contundente sobre a situação, demonstrando desconforto e apreensão quanto à capacidade do município de absorver o novo valor. “Recebi contrariado, contrariado. Nós vamos sentar, reunir, avaliar outra vez. Eu pedi para o meu pessoal recalcular. Como é que pode subir R$ 3,00 quase aí, essa tarifa técnica, R$ 2,00 e tanto?”, declarou. Ele foi enfático ao afirmar que a capital “não tem capacidade de pagamento” para sustentar esse acréscimo sem apoio maior do governo estadual. “Ou o governo estadual vai ter que absorver isso, que é ele que comanda isso daí, ou então nós não temos muito o que fazer, porque ela é muito puxada, não tem como absorver isso”, completou Mabel.
A divisão atual recai majoritariamente sobre a prefeitura da capital e o governo de Goiás, que juntos pagam 82% do subsídio à tarifa — 41,18% para cada. O restante é partilhado entre as prefeituras de Aparecida (9,41%), Senador Canedo (4,8%), Trindade (2,13%) e Goianira (1,26%). Desde 2022, a tarifa do transporte coletivo já aumentou em mais de 50%. O novo reajuste pode prejudicar ainda mais a situação de Trindade e Goianira. Alegando poucos recursos em caixa, os municípios já foram notificados pelo Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo de Goiânia e Região Metropolitana (SET) devido aos atrasos nos pagamentos do subsídio. A inadimplência pode acarretar na perda do benefício da Meia Tarifa e levar os passageiros a pagarem o valor integral da tarifa.
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Em Aparecida, a situação era semelhante. Com arrocho financeiro para colocar as contas em dia, que tem sido um dos principais empecilhos do início da gestão de Leandro Vilela (MDB), a cidade mantém os pagamentos do subsídio em dia, mas com dificuldades. A situação referente aos pagamentos do subsídio era calamitosa, já que, segundo a gestão, quando Vilela assumiu o paço aparecidense a dívida girava em torno de R$ 26 milhões e havia 6 meses desde o último pagamento da gestão anterior.
Já em Senador Canedo, o foco está em encontrar saídas para o aumento de custo. Em contato com a reportagem do jornal O Hoje, a assessoria do prefeito do município, Fernando Pellozo (União Brasil), garantiu que o paço canedense “se programa para manter o subsídio em dia, como acontece atualmente”. “O prefeito entende as dificuldades enfrentadas pelos municípios e acredita no diálogo para encontrar um caminho para manter o subsídio”, explicou. (Especial para O Hoje)