Uma nova ala bolsonarista está na mira do Supremo Tribunal Federal (STF). Trata-se da investigação contra Silas Malafaia, pastor evangélico, televangelista e autor brasileiro conhecido por sua atuação no cenário religioso e político do País. Os próximos dias poderão ser de tensão para os apoiadores do ex-presidente do Brasil, pois, além de lidarem com a prisão domiciliar e o risco de condenação de Bolsonaro, assistem a um novo membro assumido da extrema direita ser investigado por contribuir para a organização dos atos de caráter golpista que culminaram no 8 de janeiro de 2023.
O cientista político Pedro Célio explica como a religião tem procurado garantir seu espaço na política, especialmente na gestão do ex-presidente Bolsonaro. “Nas últimas eleições presidenciais assistimos conteúdos teocráticos e fundamentalistas dominando boa parte das propagandas e propostas dos candidatos. Em 2010 e 2014, o tema do aborto foi protagonista dos debates. Em 2018, foi a abordagem dada às questões de gênero nos currículos escolares. Em 2022, tivemos a exploração da crença em messias e salvadores da pátria ungidos para enfrentar o mal, traduzido como ‘o sistema’. Daí para atacar e negar as instituições laicas e a democracia basta um passo”, pontua o estudioso em política ao O HOJE.
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Dois acontecimentos devem ser observados diante da conjuntura atual do País. O primeiro é a investigação contra Malafaia pela Polícia Federal. A segunda, e não menos importante, é a tentativa de aproximação do governo Lula com os evangélicos, com o intuito de adquirir maior apoio para as eleições de 2026.
Ao mesmo tempo em que Lula busca uma conciliação com um grupo religioso com força na política eleitoral, um dos mais relevantes representantes do bolsonarismo e da religião evangélica corre risco de ser condenado pela Justiça. Nesse contexto, o presidente teve reunião recente com membros do Republicanos, como o presidente nacional da sigla, o deputado federal Marcos Pereira (SP).
Republicanos e a Igreja Universal
Além de deputado, Pereira é bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, que mantém ligação umbilical com o partido. “Vejo como parte do jogo a estratégia do PT e de Lula buscarem a recuperação eleitoral junto aos evangélicos. A esquerda sempre teve dificuldade de fazer a disputa nessa parte do campo religioso. Os resultados anteriores e as pesquisas que exploram possíveis cenários para 2026 estão indicando a necessidade de que os discursos progressistas rompam com as bolhas criadas pelas lideranças protestantes que hoje quase monopolizam as opções políticas de seus seguidores”, ressalta Pedro Célio.
As próximas semanas serão decisivas para a direita e a extrema direita no sentido de voltar as atenções para a situação de Malafaia e para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu na Primeira Turma do STF por tentativa de golpe de Estado. O julgamento foi marcado para as duas primeiras semanas de setembro, a partir do dia 2 de setembro.
Para o julgamento do chamado “núcleo crucial” da tentativa de golpe, o STF reservou uma sequência de sessões até 12 de setembro, quando será decidido o futuro do ex-presidente e de mais sete réus que integraram seu governo. Todos negam as acusações.
Situação de Malafaia
“Há fortes evidências de que Silas Lima Malafaia atua na construção de uma campanha criminosa orquestrada, destinada à criação, produção e divulgação de ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal, no contexto de milícias digitais”, diz o ministro Alexandre de Moraes, do STF, em trecho da decisão que autorizou a investigação da Polícia Federal contra o pastor e aliado de Bolsonaro. (Especial para O HOJE)
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