O PRD e o Solidariedade oficializaram a criação de uma nova federação entre os dois partidos, na tarde da última quarta-feira (25), em evento na Câmara dos Deputados. A cerimônia, que marcou a nova aliança partidária, contou com declarações em prol do centrismo.
Federados, PRD e Solidariedade somam dez deputados federais, 138 prefeitos e um governador. A aliança já nasce, sobretudo, ligada à centro-direita. Presidente do Solidariedade, o deputado Paulinho da Força (SP) garantiu que as siglas irão trabalhar por uma candidatura centrista ao Palácio do Planalto. “Nós estamos trabalhando para construir uma candidatura ao centro. Vamos trabalhar contra extremos, contra candidaturas da direita e também contra candidaturas da esquerda”, disse o parlamentar, que assumirá a vice-presidência da federação. Ovasco Resende, mandatário nacional do PRD, será o presidente da aliança.
Paulinho participou do lançamento da pré-candidatura à presidência do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) em abril e, recentemente, acenou positivamente ao chefe do Executivo goiano. Em conversa com a CNN Brasil, o parlamentar garantiu que a federação não irá caminhar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026.
“Não há nenhuma possibilidade de apoiar o Lula. Nós queremos uma candidatura mais de centro”, garantiu o deputado. A respeito de Caiado, Paulinho disponibilizou a federação ao governador: “Caiado é um amigo e sempre tivemos um respeito muito grande entre nós. Sabemos que o União Brasil não vai dar legenda para ele disputar à presidência. Se ele precisar, estamos à disposição”.
Entretanto, há divergências internas. A ex-deputada Marília Arraes (Solidariedade-PE) declarou que defende o apoio a Lula. “Eu defendo o presidente Lula e que a gente fortaleça o governo – e há várias outras lideranças que têm críticas também”, disse a parlamentar. Arraes era filiada ao PT e disputou a Prefeitura de Recife em 2020 pela sigla — quando foi derrotada pelo primo, o prefeito João Campos (PSB).
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Sobrevivência
Apesar dos acenos à centro-direita e centro-esquerda, a aliança nasce com um objetivo principal: a sobrevivência eleitoral. Enquanto União Brasil e PP formam o ‘União Progressista’ para ampliar o já vasto capital político, PRD e Solidariedade buscam sobreviver à disputa política.
A federação, que ainda precisa ser protocolada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é um movimento das legendas para evitar a perda do fundo partidário. Devido às regras estabelecidas pela cláusula de desempenho, que limita os partidos que terão acesso aos recursos públicos disponíveis e a propaganda eleitoral gratuita em rádio e televisão, os partidos com menor capital político ficaram reféns das alianças.
Em 2026, os critérios de desempenho para as legendas são: eleger 13 deputados federais, distribuídos em pelo menos nove Estados, e alcançar no mínimo 2,5% dos votos válidos para a Casa Baixa, distribuídos na mesma quantidade de Estados, com no mínimo de 1,5% dos votos válidos em cada um. Se cumprir um dos objetivos, o partido já garante acesso aos recursos.
Além da federação, grupos políticos de ambos partidos acenam positivamente para uma nova aliança com outra sigla. Paulinho da Força ressaltou que PRD e Solidariedade devem continuar a dialogar com outros partidos, após a formalização da federação — antes da junção com o PRD, o Solidariedade era sondado pelo PSDB. (Especial para O Hoje)
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