O Plano Plurianual (PPA) 2026-2029, sancionado pelo prefeito Sandro Mabel (União Brasil) na última semana, prevê uma redução dos investimentos nas áreas de segurança pública, urbanismo, habitação e ciência e tecnologia. O PPA é o instrumento que define as diretrizes e metas da administração municipal para os próximos quatro anos.
O plano da gestão Mabel prevê que o investimento em segurança pública será de R$ 11.465.527,84 para os próximos quatro anos. A administração do ex-prefeito Rogério Cruz (Solidariedade) reservou R$ 68.783.335,61 para investimentos na área, R$ 57.317.807,77 a mais do que o novo PPA.
Nas áreas de urbanismo e habitação, a redução dos aportes, somados, supera os R$ 170 milhões. O plano que vai até 2029 prevê investimento de R$ 367.582.207,30 nos projetos voltados para a urbanização da Capital, o que significa uma diminuição de R$ 40,4 milhões, já que a aplicação de recursos prevista para os anos entre 2022 e 2025 era de R$ 407.996.438,81.
No que tange ao investimento para a área habitacional, a previsão de gastos do novo PPA é de R$ 79.466.421,03, enquanto o do plano ainda em curso é de R$ 209.944.704,63. O corte estimado, ao considerar as duas previsões, é de R$ 130.478.283,6.
O especialista em urbanismo Fred Le Blue afirma que a previsão de “redução vultosa” dos investimentos na área de planejamento urbano e habitação social é “um roteiro dantesco que vai aprofundar as mazelas urbanísticas e humanísticas em Goiânia em curso”.
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Drenagem “insuficiente e precária”
Segundo Le Blue, as enchentes do mês de setembro evidenciaram que a drenagem urbana da cidade é “insuficiente e precária”. “Seria importante poder contar com recursos mais sólidos para aplicar as intervenções sugeridas pelo Plano Diretor de Drenagem Urbana, que está sendo finalizado pela UFG [Universidade Federal de Goiás]. São obras macroestruturantes de grande escala que, certamente, ficarão comprometidas com esta atual previsão comedida de ação continuada em urbanismo para os próximos quatro anos”, destacou o especialista.
O urbanista ainda alerta para os possíveis impactos na zeladoria, na promoção de acessibilidade espacial, no paisagismo estético e na mobilidade urbana da Capital. Acerca da estimativa que prevê redução no capital investido para habitação, Le Blue ressalta que o crescimento do “déficit sociohabitacional” afeta sobretudo as camadas mais vulneráveis da população.
“Com a taxa de juros alta, a compra de casa própria tem se tornado um sonho cada vez mais distante, mesmo pelo Minha Casa, Minha Vida, até porque o mercado rentista em Goiânia tem levado a distorções absurdas de valores inflados, que podem vir a se tornar uma bolha especulatória”, afirma. O urbanista garante que a situação da cidade “demanda por programas de moradia popular de distribuição de casas ou subsídios para aquisições”, porém, com “o novo PPA, o sonho da casa própria vai ficar para a próxima gestão”.
Ciência e tecnologia sacrificada
Além disso, o investimento previsto na área de “ciência e tecnologia” do PPA de Mabel é de R$ 215.257.430,73 — uma redução em torno de R$ 4,5 milhões em comparação ao plano anterior, cujo valor reservado era de R$ 219,82 milhões.
Em nota enviada ao O HOJE, a Secretaria Municipal da Fazenda (Sefaz) afirma que “não é possível realizar uma comparação” entre os PPAs, visto que “ainda não se sabe, de forma consolidada, o quanto do que foi planejado nos últimos quatro anos e o que foi efetivamente executado, considerando que a plena execução do último PPA ainda está em curso”.
Também em nota, a Guarda Civil Metropolitana (GCM) informou que a disponibilidade de recursos “proposta para o PPA 2026–2029 foi de R$ 946.297.081,76, exclusivamente para a Agência da Guarda Civil Metropolitana de Goiânia”. “Nesse valor estão incluídos os gastos com folha, em comparação com R$ 548.579.276,76 do PPA 2022–2025”, afirma a GCM.









