Sabe que dia é a eleição de presidente da República e governador e seus vices, dos dois senadores e seus suplentes, de deputados estaduais, distritais e federais? Amanhã. Pode acordar cedo e ir para a fila. Dizem que em política cada dia é uma eternidade, mas o calendário é movido a relâmpago, uma semana é um flash, passa mais rápido que o B-52 dos Estados Unidos. Nos bastidores, restam poucas vagas para os cargos auxiliares, aqueles de quem vai rezar para o titular ter problemas, vices e suplentes. O leilão tem os dois lados, porque quem arremata é o que está precisando.
Na chapa oficial, o vice escolhido pelo governador Ronaldo Caiado em 2021, Daniel Vilela (MDB), já foi na mesma oportunidade lançado à sua sucessão em 2026. Então, Daniel está com quase cinco anos de pré-campanha, daí a quantidade de interessados em ser seus companheiros. Um deles é o presidente da Assembleia Legislativa, Bruno Peixoto, colega de Caiado no União Brasil. Seria cômodo ter na chapa Daniel governador e alguém do partido de Caiado na vice. Bruno tem a oferecer o apoio do mesmo número de prefeitos que o governador Ronaldo Caiado e mais que o de Daniel. E, na mesma moeda, se demorar demais pode ficar alijado por excesso de ganância.
Se Bruno quiser mesmo ser vice, vai ter de abrir conversação específica sobre o assunto com os dois outros governadoriáveis, Marconi Perillo (PSDB) e Wilder Morais (PL), que dispõem de chance no mesmo nível de Daniel. Em política não existe impossibilidade, porém, é bastante improvável que Bruno se aproxime de Marconi a ponto de ser seu vice. Quando o MDB era um partido independente, tocado pelo grupo de Iris Rezende, Bruno e Marconi eram água e óleo. Após a vitória de Caiado em 2018, com a consequente derrota de Daniel, Bruno pediu a Iris para acompanhar Caiado. Concedido. Aumentou ainda mais a rivalidade com Marconi, que jogava pesado nas bases de Bruno. Se a animosidade persistir, seria uma surpresa o anúncio de Bruno vice de Marconi.
O senador Wilder Morais, que tem de trunfo o fato de Goiás ser identificado com Jair Bolsonaro, superou as fake news que anunciavam sua desistência na pretensão de ser governador. Poderia ser um endereço para abrigar Bruno como vice, pois os deputados estaduais que gostam de Wilder são igualmente aliados do presidente da Assembleia. A bancada liberal no Legislativo goiano se opõe à dupla Caiado/Daniel, mas se dá bem com Bruno. Enfim, seria uma espécie de vice ideal. Em público, Bruno demonstra fidelidade e deve realmente ser fiel, mas nos camarins os diálogos esquentam sobre possível saída do UB e até do caiadismo.
Outro vice dos sonhos e que também sonha é José Mário Schreiner, ex-deputado federal que chefia três grandes entidades/organismos de fomento ao empreendedorismo, o sistema Faeg/Senar e o Sebrae, daí ser um player a animar qualquer leiloeiro. Schreiner é irmão siamês de Caiado. De Caiado. Não necessariamente de Daniel, apesar de ser filiado ao MDB. Já manifestou interesse na vice de Daniel, porém, se acordar rifado na chapa oficial e outro candidato tiver chance de ganhar e fizer o convite, vai ser difícil segurá-lo de mãos abanando. Schreiner é amigo de Marconi, com quem caminhou junto por duas décadas, e de Wilder, com quem tinha um pacto até há pouco tempo. Ou cuidam bem de Schreiner ou terão de correr em busca de perfil parecido.
Outra supersafra é a de pré-candidatos ao Senado e os candidatos a governador precisam passar sebo nas canelas na busca pelos melhores. O grupo ligado ao bolsonarismo tem o deputado federal Gustavo Gayer e o ex-senador Demóstenes Torres. O caiadismo está com a primeira-dama Gracinha Caiado; o senador Jorge Kajuru (PSB); o presidente da Agehab, Alexandre Baldy (PP); os ex-prefeitos Paulo do Vale (Rio Verde) e Adib Elias (Catalão), ambos reivindicando com o mesmo entusiasmo uma oportunidade de vice. Marconi Perillo ainda não falou sobre o assunto, no entanto, suas aparições nas pesquisas podem reconfigurar seu grupo com quem já havia debandado para o caiadismo.
Reuniões intermináveis discutem chances para deputado
Uns já estão de cabeça branca… os que ainda têm cabelo. Outros emagreceram tanto que parecem ser dependentes de Ozempic e Mounjaro. Eis o retrato dos pré-candidatos proporcionais. Medo de entrar num partido pequeno e não alcançar o quociente e mais medo ainda de ficar numa sigla forte e acordar na 18ª suplência. Se ficar numa agremiação que tem fundo eleitoral grande, vai disputar cada centavo com trocentos rivais; se for para uma pequena, nem centavos terá a disputar. Por isso, em vez de pedir apoio, gastam seus dias e suas noites com reuniões de partidos que estão fechando as chamadas nominatas, que são as listas de candidatos a deputado, seja federal e estadual ou distrital, no caso de Brasília.
Também para eles o tempo está se fechando igual nesse espasmo de chuva que está vindo nos últimos dias. Às vezes, formam blocos de 30 para concorrer à Assembleia, acertam com um partido e consideram terminada a articulação. Aí, descobrem que o presidente da legenda leiloou a alma, embolsou dinheiro e filiou alguém de que eles discordam, acabou tudo, saem todos de uma vez e se põem a andar em busca de outro.
Esse pessoal é macaco velho igual aos do Parque Areião, sabe quando o coco tem polpa ou quando tem só a casca. Outro conhecimento geral é quanto à viabilidade: é na filiação que se decide o passo essencial quanto ao número de votos. Em 2022, Álvaro Guimarães, Cláudio Meirelles e Rubens Marques obtiveram mais de 30 mil votos e ficaram na suplência de deputado estadual. Rosângela Rezende, Karlos Cabral e Cristiano Galindo tiveram menos de 20 mil e tomaram posse na Assembleia junto com os de mais de 50 mil.
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