O Partido Liberal (PL) de Goiás já sofre as consequências da demora do ex-presidente Jair Bolsonaro em revelar, de forma definitiva, seu apoio aos candidatos para as eleições de 2026. Por mais que o vice-presidente do PL goiano e ex-deputado estadual, Fred Rodrigues, negue o enfraquecimento da organização no Estado, o fato é que, após conseguir eleger 26 prefeitos, o partido de Bolsonaro conta, agora, com apenas 14 gestores que continuam filiados.
A conjuntura do partido no Estado também é influenciada pela ausência de posicionamento do senador Wilder Morais (PL) quanto à sua pré-candidatura ao governo estadual. O silêncio do senador, além da força gravitacional do grupo governista junto aos prefeitos, pode levar a sigla a perder força no Estado, o que reflete na filiação de prefeitos do PL em outros partidos, sobretudo os que compõem a base de Ronaldo Caiado e Daniel Vilela, como o UB e o MDB. O PT, por questões ideológicas, é o único dos partidos de oposição que mantém até aqui os três prefeitos eleitos na legenda.
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O PSDB, do ex-governador Marconi Perillo, que possui interesse em disputar o Palácio das Esmeraldas em 2026, contabiliza um membro que se desligou da sigla e migrou para o UB. Porém, há a possibilidade de cooptação de ex-tucanos para outros grupos em decorrência da manutenção de diálogo de componentes da sigla com articuladores do governo.
Partido do ex-governador Marconi Perillo, que possui interesse em disputar o Palácio das Esmeraldas em 2026, contabiliza apenas um membro que se desligou do PSDB e migrou para a base do governo estadual – (Foto: Reprodução)
O jornal O HOJE entrou em contato com prefeitos que foram eleitos pelo PL, mas decidiram migrar para partidos alinhados com o centro. O prefeito de Moiporá, Wilson José Ferreira, comenta sobre as particularidades do município que governa e sustenta sua posição de mudança de partido — do PL para o MDB — como algo necessário para atender às necessidades da cidade.
“O nosso município é pequeno. É uma cidade que não tem empresa. Como que uma prefeitura do tamanho da nossa fica sem governo?”, ressalta Wilson ao falar sobre o risco que Moiporá poderia correr ao não manter um vínculo maior com a base aliada de Caiado e Daniel.
O prefeito faz menção ao apoio do governador Ronaldo Caiado (UB) ao município e demonstra admiração pelo PL goiano, mas admite a necessidade de depositar esforços no alinhamento de sua gestão com o partido do vice-governador de Goiás, Daniel Vilela (MDB). “Não podemos ficar sem governo e o Caiado sempre foi muito bom para Moiporá. Agora, se nós afastarmos e formos para um partido que faz oposição ao nosso governador, podemos ficar prejudicados. Eu gosto muito do Wilder Morais, gosto muito dos membros que compõem o PL, mas não posso ficar em oposição ao nosso governo”, explica Ferreira ao O HOJE.
Aproximação natural
De acordo com aliados do governo estadual, “é natural um gestor querer se aproximar da base. Esse é o principal movimento. De fato, tem alguns prefeitos do PL e do PSDB que já migraram para partidos da base, como o União Brasil, MDB e PRTB”.
Aliados da gestão estadual apontam que a migração de prefeitos do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro para siglas da base caiadista se mostra uma consequência da boa relação que tais políticos já possuíam com grupos aliados a partidos da situação em Goiás. “Normalmente, esses prefeitos são aliados de deputados estaduais e federais que já acompanham a base. Então, existe um caminho para essa aproximação com a base governista”, aponta uma das fontes ouvidas pela reportagem.
Sobre as especulações de que dois dos seis prefeitos do PSDB podem seguir o mesmo caminho de grande parte dos gestores municipais que foram eleitos pelo PL e migraram para a base de Caiado e Daniel, o partido de Marconi afirma que muitos prefeitos da oposição são alvo de pressão do Palácio das Esmeraldas.
“Lideranças podem mudar de partido, o que é natural. O que não muda é a força de quem tem serviço prestado e o respeito do povo. Prefeitos e lideranças de várias regiões relatam pressões e ameaças de retaliação caso não se alinhem ao governo. O PSDB repudia essa tentativa de intimidação e se solidariza com todos os que resistem a esse jogo de medo”, declarou o PSDB goiano por meio de nota na tarde de segunda-feira (27). (Especial para O HOJE)










