Em seu mandato anterior, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) focou em consertar o que herdou de estragos e passou a seu então vice, o agora deputado estadual Lincoln Tejota (União Brasil), o cuidado com obras prioritárias. Batizou o programa de metas de “Goiás de Resultados”. Lincoln alcançou os objetivos a tal ponto que não mais lhe foi repassada tarefa, pois no setor público a eficiência alheia é um defeito.
Neste 2º período à frente do Executivo, o governador repassou a seu novo vice, Daniel Vilela (MDB), tarefas como representá-lo em eventos e substituí-lo quando viaja, sem missão específica entre as muitas vistas no Estado. Daí vem a dificuldade de prefeitos com excelente avaliação encontrarem apoio para a pré-candidatura estadual. Há municípios em que o governo local tem na faixa de 80% de aprovação, o governo estadual passa disso e Daniel está com menos de 30% nas pesquisas. Não é culpa do prefeito nem do governador se a oposição tem componentes com perfil mais próximo de Caiado.
As urnas já provaram a repulsa da população ao obreirismo e ao populismo, que os políticos festejam como se as despesas saíssem de suas contas ou de seus bolsos. Os prefeitos transferem votos, desde que seja para candidatos realizadores, mesmo que não seja de construções, mas de transformação como houve…
… no Ideb (o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), mais um item em que Goiás ficou em 1º lugar no Brasil),
… na sensação de segurança (o governador repassou o comando das batalhas para os policiais, não para comandantes ou secretário),
… em ponto final das enrolações (hospitais gigantescos em cidades-polo como Uruaçu e Águas estavam pelas metades havia décadas, Caiado terminou, equipou e já salvaram milhares de vidas).
Algumas diferenças que Caiado estabeleceu com trabalho
Em 2018, Caiado foi a alternativa à mesmice que já durava 20 anos, representada por José Eliton, e ao passado que ninguém em Goiás quer ver de volta. Ou seja, Caiado não precisou de obras nem de populismo. Os prefeitos indicam que é pouco se passar por continuidade de Caiado sem dispor de seus atributos.
Em 2022, Caiado se reelegeu em 1º turno, como no pleito anterior, graças à insistência no embate honestidade x roubalheira, ao combate à criminalidade e aos bons índices alcançados na pandemia. Faltou a Daniel ser o guerreiro que derrota a corrupção, pois foi deputado estadual no período de Marconi Perillo/José Eliton e ninguém se lembra de ter denunciado irregularidades até as últimas consequência – até porque não houve essa luta.
Não dão conta de oferecê-lo como inimigo da violência, pois, enquanto Caiado peita as facções, Daniel não dedicou seus mandatos a deixar as ruas mais tranquilas, o campo sem bandidos, o comércio sem assaltos. É o vice do administrador que alcançou esses feitos. Sem acoplar a imagem de Caiado a seu candidato, mesmo 200 prefeitos da base não conseguem erguer uma pré-candidatura nem com grua de pedreira chinesa.
O que o MDB não conseguiu em 16 anos nem o marconismo em 20, Caiado fez em 1 dia
Outro quesito que pesa contra Daniel é a falta de experiência como administrador, porque, à exceção dos “cargos no Legislativo e dessa boca agora como vice, não sabe o que é bater ponto, cumprir meta, vender o almoço para comprar a janta”, como dizem alguns críticos. Seus maiores adversários são gestores experimentados, Marconi Perillo no setor público (4 mandatos de governador) e Wilder Morais na iniciativa privada (tem dezenas de empresas em 52 ramos de negócios).
Aliás, Daniel não teve função executiva nos mandatos de Caiado, mas seu concorrente Wilder foi secretário de Indústria, Comércio e Serviços em 2019, quando trouxe as empresas que geraram o superávit na Balança Comercial do Estado e destravou a implantação, por exemplo, da empresa Serra Verde para extrair terras raras em Minaçu, no Norte do Estado.
Todos os grandes veículos de comunicação têm noticiado a grande façanha de Goiás ser o único lugar “fora da Ásia a produzir em escala comercial quatro elementos essenciais”. Essenciais, inclusive, na guerra tarifária Lula x Trump – o presidente americano gostaria que nos quase 10 milhões de quilômetros dos Estados Unidos houvesse pela menos uma Minaçu. O partido de Daniel ficou 16 anos no poder, o grupo de Marconi ficou duas décadas e nada decidiram sobre terras raras nem comuns – Wilder, Caiado e a secretária de Meio Ambiente, Andréa Vulcanis, precisaram de apenas um dia para liberar a extração.
Um vice-governador com 140 páginas de resultados
Recolha na internet os recortes do que Lincoln Tejota realizou na tarefa passada pelo governador Ronaldo Caiado. O HOJE juntou 140 páginas de realizações de Lincoln no “Goiás de Resultados”, nas quais aparecem os nomes dos programas e o índice de realização. Caiado passa a incumbência, estabelece a meta e programa como cada obra e benefício deve estar na linha do tempo encomendada. Como 140 páginas não cabe em uma, é preciso resumir.
Missão de Caiado para Lincoln, no documento passado pelo governador: “Nortear as ações da gestão pública estadual fomentando a sinergia governamental, a entrega das metas estratégicas e a produção de resultados com o foco no atendimento da sociedade”.
Foram executados 110 projetos, nas mais diversas áreas, desde o ensino médio profissionalizado e o Ideb real no “Goiás da educação plena”, à regionalização da saúde, resposta a urgência e emergência e modelo de regulação hospital no “Goiás da saúde integral”, até a biometria cidadã e Goiás Conectado dentro do “Goiás de tecnologia integral” e municípios mais fortes, Goiás Digital e Mais Cidadão no “Goiás da governança e gestão transformadora”.
Se Daniel Vilela não herda o sucesso de Caiado na segurança, coube ao grupo de trabalho liderado por Lincoln “reduzir os indicadores gerais de criminalidade para abaixo da média nacional, diminuindo os crimes e a violência pela integração, inteligência e integridade, até 2022”. Tanto conseguiu que virou a logomarca da campanha de Ronaldo Caiado à Presidência da República.
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