As eleições presidenciais de 2026 ocorrerão em um contexto de maior preocupação quanto à proliferação de fake news, sobretudo, sobre política. Ao somar-se a isso, têm-se o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) contra o núcleo de desinformação da trama golpista responsável por disseminar desinformações sobre eleições por meio do compartilhamento de informações falsas contra urnas eletrônicas e autoridades contrárias a um golpe de Estado.
São réus neste núcleo Ailton Barros (capitão expulso do Exército), Ângelo Denicoli (major da reserva do Exército), Giancarlo Gomes Rodrigues (sargento do Exército), Guilherme Marques de Almeida (tenente-coronel do Exército), Reginaldo Vieira de Abreu (coronel do Exército), Marcelo Bormevet (policial federal) e Carlos Cesar Rocha (presidente do Instituto Voto Legal).
Ministro Alexandre de Moraes (STF) durante julgamento do núcleo da trama golpista responsável pela disseminação de informações falsas sobre autoridades e urnas eletrônicas – Créditos: Gustavo Moreno/STF
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Neste sentido, observa-se o receio e preparação de partidos políticos para lidar com ferramentas on-line, como é o caso do Partido dos Trabalhadores (PT), que pretende fazer encontros com big techs com o intuito de discutir assuntos acerca do combate às informações falsas e discurso de ódio.
“A manipulação tecnológica, aliada à já elevada polarização, pode fragilizar ainda mais as instituições, reduzir a legitimidade do voto e colocar em dúvida a vontade popular nas urnas”, explica o marqueteiro político, Marcelo Senise, ao O HOJE. De acordo com o comunicador, um governo que não se preocupa com os limites da influência das novas tecnologias no cenário político pode favorecer para o declínio da democracia. “Se o País não agir rapidamente para estabelecer limites, exigir prestação de contas e promover a educação digital do eleitor, a própria confiança na democracia fica ameaçada.”
Assim, cabe destacar o uso indevido da Inteligência Artificial com o intuito de potencializar publicações eleitoreiras e favorecer determinados grupos políticos. A utilização dessa ferramenta representa um sério risco para a integridade do processo eleitoral, principalmente no Brasil, onde parcela considerável da população é favorável ao uso da IA em diversos setores, o que abre brechas para práticas antiéticas, inclusive na política.
Debate enfraquecido em função de notícias falsas
Outro ponto que é profundamente afetado em decorrência da produção de fake news é o debate público relativo à política, que fica enfraquecido, consequência da manipulação, aliada à falta de uso de mecanismos de controle e combate a informações falsas.
Sobre a aproximação do PT com as big techs para pensar alternativas de enfrentamento à desinformação, o secretário nacional de Comunicação do partido, Eden Valadares, fala sobre o intuito da organização petista em adquirir estratégias para lidarem com conteúdos de alto alcance.
“A ideia é oferecer uma qualificação sobre criação de conteúdos, estratégias para potencializar alcance e visualizações e o uso de cada ferramenta para cada rede, que tem públicos e formatos diferentes de se comunicar.” Também é destacada a habilitação da militância para a disputa eleitoral nas redes sociais. “Nossa ideia é engajar a militância do PT como ativos de produção de conteúdo e de disputa política no ambiente digital”, ressalta Valadares.
Risco do uso inadequado
Para Marcelo Senise, o uso inadequado das novas tecnologias é um grave risco que pode interferir, novamente, na conjuntura eleitoral do País. “O uso da Inteligência Artificial sem regulamentação adequada representa um risco sério para a integridade do processo eleitoral brasileiro.”
Senise pontua que práticas de desinformação têm como umas das principais consequências o enfraquecimento de discussões políticas. “Esse potencial de manipulação, sem mecanismos de controle e transparência, coloca a própria lisura das eleições em xeque e abre espaço para desequilíbrios entre candidaturas”, ressalta o marqueteiro político ao O HOJE. (Especial para O HOJE)