O nome de Michelle Bolsonaro vem ganhando espaço nos bastidores políticos como possível candidata do PL à Presidência da República em 2026. A ex-primeira-dama, que até pouco tempo era vista apenas como uma figura de apoio na cena política, passou a ser cogitada como uma alternativa viável diante do cenário de incertezas envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — inelegível até 2030 após condenação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e réu por golpe de Estado.
Michelle tem despontado como uma das opções estratégicas da legenda e, nos bastidores, tem o apoio do presidente da sigla, Valdemar Costa Neto. A seu favor, Michelle tem ainda o fato de não estar diretamente envolvida nas polêmicas jurídicas e políticas que cercam o ex-presidente e outros membros de seu grupo.
De perfil mais moderado, com forte apelo entre o eleitorado conservador e religioso, ela é apontada por pesquisas como o nome com menor índice de rejeição dentro do clã Bolsonaro. Na última pesquisa Genial/Quaest, a ex-primeira-dama apareceu com 51% de rejeição, número menor que de Bolsonaro (55%) e do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (56%). Além disso, quando o questionamento foi quem deveria substituir o ex-presidente, Michelle apareceu com 16% — atrás apenas do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que pontuou 17% no quesito.
Na última sexta-feira (6), o evento do PL Mulher, chefiado por Michelle, em Brasília, contou com acenos a uma possível candidatura da ex-primeira-dama. O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Altineu Côrtes (PL-RJ), foi o responsável. “Se Deus quiser vamos conquistar a Presidência da República. Michelle, Deus tem muito para sua vida”.
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Apesar disso, a viabilidade de uma eventual candidatura enfrenta barreiras internas. A resistência parte, sobretudo, dos filhos do ex-presidente. Eduardo já acenou para uma possível candidatura visando o Palácio do Planalto. O filho 03 de Bolsonaro deixou claro que, se depender dele, Michelle e Tarcísio não terão vida fácil para herdar o espólio político do ex-chefe do Executivo.
Além disso, outro fator pesa contra Michelle: a falta de experiência. Atualmente, seus dois principais concorrentes na disputa pela benção política de Bolsonaro são Eduardo e Tarcísio. O governador de São Paulo, além de ser a preferência do Centrão, é o único com experiência de gestão entre os três. Já o deputado tem experiência parlamentar, enquanto a ex-primeira-dama nunca ocupou nenhum cargo político.
Michelle, no entanto, tem sinalizado disposição para se manter em evidência. Desde que assumiu a presidência do PL Mulher, ela intensificou sua agenda pelo país, participando de eventos partidários e encontros com lideranças evangélicas. A postura tem sido lida como uma preparação para um possível voo solo em 2026, ainda que ela negue publicamente qualquer pretensão eleitoral no momento.
Dentro do PL, a movimentação de Valdemar é vista com cautela, mas também com pragmatismo. O dirigente sabe que, sem Bolsonaro na urna, o partido precisará reinventar sua estratégia se quiser manter a posição de protagonismo conquistada nas últimas eleições. Michelle, com sua imagem ainda preservada e a capacidade de mobilização entre nichos importantes do eleitorado, pode ser a chave para isso — se conseguir vencer as resistências internas.