O empresário Maurício Camisotti, apontado por investigadores como um dos elos finais dos descontos irregulares em aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), sacou R$ 7,2 milhões em dinheiro vivo, de acordo com documentos obtidos pela Folha de S.Paulo.
O valor foi retirado de sua conta em 11 saques. Investigações revelam que, entre 2018 e 2025, foram feitos 17 saques, com destaque para o maior deles, no valor de R$ 3 milhões, segundo relatório sigiloso elaborado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) a pedido da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional sobre fraudes no INSS.
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Também foram movimentados R$ 285 mil da conta de Camisotti — neste caso, o relatório não afirma com clareza quem foi o sacador, apesar de apontar o empresário como titular da conta. Essas transações levantaram suspeitas de burla na fiscalização do sistema financeiro.
Comissão investiga fraudes em descontos associativos que atingiram beneficiários – (Créditos: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)
Movimentar dinheiro vivo não é crime, mas investigadores costumam encarar transações de alto valor como indício de algum tipo de irregularidade. O motivo é que é mais difícil rastrear as cédulas do que depósitos eletrônicos. Os advogados declararam que a maioria dos saques foi realizada “antes de qualquer contrato com associações ligadas ao INSS”.
Além disso, a defesa do investigado afirmou que todas as operações foram declaradas às autoridades competentes e que são compatíveis com as atividades empresariais de Camisotti. O maior dos saques em dinheiro vivo nas contas de Maurício foi realizado em 12 de setembro de 2019. Foram retirados R$ 3 milhões em uma agência do Santander em São Paulo.
O escândalo dos descontos indevidos em aposentadorias e pensões, sem autorização dos segurados, ganhou destaque em abril deste ano, depois da primeira operação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria Geral da União (CGU). (Especial para O HOJE)










