Na bancada de Goiás na Câmara dos Deputados, ninguém larga o osso dos Legislativos: José Nelto (está no 10º mandato, 5 deles de estadual e 3 de vereador em Goiânia); Magda Mofatto (8º, 1 de estadual, 3 de vereadora em Caldas Novas); Rubens Otoni (7º, 2 de estadual); Flávia Morais (6º, 2 de estadual); Célio Silveira (5º mandato, 2 de estadual); Lêda Borges (4º, 2 de estadual, 1 de vereadora em Valparaíso); Adriana Accorsi e Jeferson Rodrigues (3º, 2 de estadual); Marussa Boldrin (3º, 2 de vereadora em Rio Verde); Adriano do Baldy, Glaustin da Fokus e Professor Alcides, Zacharias Calil (2º). Viu alguém que quer sair? Nem eles nem os que estão vivendo a 1ª experiência parlamentar: Daniel Agrobom, Gustavo Gayer, Ismael Alexandrino e Silvye Alves. Só sai na marra. Na eleição passada, 9 dos 17 foram reeleitos, o que deve acontecer novamente. Quem está com mandato sai na frente porque nesta legislatura o derramamento de verba via emendas ao Orçamento, até no PIX, grande parte fora do alcance dos mecanismos de controle, foi o maior da História do Brasil.
Uma vaga já está aberta, a de Gayer, vice-campeão de 2022. Pré-candidato a senador, vive problemas na Justiça. Tanto pode subir de Casa quanto voltar para casa. Se for à reeleição, terá até mais que os 200 mil votos da passada. Pode ser substituído por Hélio Sinpospetro, 2º suplente do senador Wilder e ex-vereador em Anápolis.
Outra cadeira à disposição é a de Jeferson. A Igreja Universal, que o elegeu, já o avisou: o substituto será o deputado estadual, também bancado pela igreja, Ricardo Quirino. A Justiça Eleitoral permite campanha dentro dos templos, não apenas nos da Universal, assim como pouco se interessou pelos investimentos dos deputados nas campanhas municipais de 2024 para prefeitos e vereadores.
Daniel Agrobom está com reeleição garantida, suas lideranças falam em triplicar os 70 mil votos da passada, mas pela movimentação a expectativa é dobrá-los. Jovens ligados à inovação descobriram que ele também é do ramo, menino pobre de Bom Jesus que ficou bilionário graças à tecnologia, tem até uma bolsa de valores própria para comercializar cereais com mais de cem países. O PL espera que não mude de partido.
Adriana e Rubens nem renovaram o estoque de calçados e estão com duas novidades nos calcanhares, Delúbio Soares, ex-tesoureiro nacional do PT, e o professor Edward Madureira, vereador em Goiânia. A deputada aparece em pesquisas para o Governo e o Senado, porém o propósito é a reeleição. Otoni comeu pé de cachorro e não para quieto. A legenda receberia votos suficientes para fazer 4? Em 2022, Goiás teve pouco menos de 3 milhões e 500 mil votos válidos, deve ser mantida a taxa de crescimento de 5%, portanto, serão na faixa de 200 mil votos para cada vaga se forem 17 vagas e 210 mil se aumentadas para 18 (está com o presidente Lula a reconfiguração da Câmara). O PT obteria 840 mil votos? Em Brasília, o governo federal insiste na vitória de Delúbio, além dos dois atuais. O PT ganharia 630 mil votos? Ou para Delúbio entrar um dos companheiros vai ter de levantar? É o mais provável.
O PSDB sonha manter suas duas estrelas, a deputada federal Lêda Borges, pretendida pelo caiadismo, e a vereadora de Goiânia Aava Santiago, desejada pelo petismo. O governo estadual não tem partido para abrigar Lêda, pois UB e MDB são grandes demais, o restante a rejeitaria ou ela não quereria. O governo federal não tem partido para abrigar Aava, porque o PT já está lotado e os satélites não vão fazer nem estadual. O coordenador da campanha de Marconi Perillo a governador, o ex-deputado Roberto Balestra (8 mandatos na Câmara), planeja eleger três federais, mas por enquanto só conta com 8 pré-candidatos. Entre eles, o ex-prefeito de Sanclerlândia Itamar Leão, uma das maiores lideranças municipalistas do Estado; Lamartine Moreira, presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea); o locutor de rodeios Rafael Carneiro; e dois que esperam na 1ª suplência atualmente, o jornalista Matheus Ribeiro (suplente de Lêda) e a médica Fabianne Leão (suplente de Adriano), que está no PP, mas é sobrinha de Balestra e os tucanos aguardam sua filiação.
Os gaviões estão de olho no espaço de Alexandrino, pois o PSD comandado pelo senador Vanderlan Cardoso não demonstra esforço para angariar filiados. Para o ex-secretário de Saúde, que salvou milhares de vidas durante a pandemia, o único jeito talvez seja mudar de mala, cuia e bisturi para outra agremiação.
Nelto, 40 anos de mandato, deixou o PP, que ficou sozinho para Adriano do Baldy – Alexandre, presidente do partido e dono do sobrenome do deputado, já o tranquilizou: não será candidato à Câmara. Os Baldy, tanto Alexandre quanto Adriano, são bons para formar chapa.
UB, novo endereço de Nelto, deve ter a mais alta linha de corte, mesmo sem Silvye (leia abaixo). Por isso, um Calil (Zacharias) quer sair e outro Calil (Lucas, deputado estadual) não quer entrar para ser candidato a federal. O provável mais votado em 2026, Bruno Peixoto, é UB igual a Nelto e Zacharias e estadual igual a Lucas. Quem do UB vai levantar para ele tomar conta do assento? Se Paulo do Vale, o PDV, ex-prefeito de Rio Verde, se mantiver no UB, será eleito, mas no lugar de quem? Seria de Silvye, que saiu do partido, ou de Marussa, que pode se valer de José Mário Schreiner e bisar o mandato.
Glaustin almeja criar a imagem de agregador ao deixar o mandato para suplente (é o caso neste momento). O porém é juntar quase duas dúzias deles sabendo que vão perder para ele ganhar.
Célio Silveira pode se complicar com o acúmulo de candidatos no Entorno, como o ex-prefeito de Valparaíso Pábio Mossoró, por isso abriu o leque no Estado.
O Professor Alcides é como Magda e Glaustin, depende apenas do próprio cofre para se eleger. Saiu do PL, mas parece que foi de mentirinha: consta na Câmara que permanece filiado. Se for verdade, pode até se reeleger.
Mulheres independentes têm mais facilidade
Mais de 1/3 da bancada de Goiás na Câmara dos Deputados é feminina. Entre as muitas qualidades que unem suas integrantes está a independência. Nenhuma é “a mulher do fulano”. A única que começou na política por influência do marido foi Flávia Morais, que foi primeira-dama de Santa Bárbara e de Trindade, mas bastou se candidatar e já superou George Morais. Hoje deputado estadual, ele é que é “o marido da deputada”. Assim também são Adriana, Lêda, Magda, Marussa e Silvye. Com um detalhe: governo e oposição não filiaram mulheres para ganhar das atuais.
Fotos: Kayo Magalhães/ Câmara dos Deputados
O mais recente movimento importante foi encetado pela nº 1 de Goiás em votos populares no pleito anterior, a jornalista e apresentadora de TV Silvye, que anunciou um tchau ao União Brasil. Existe impedimento jurídico: detentor de mandato proporcional só pode trocar de sigla durante as janelas, um tempo que o Tribunal Superior Eleitoral define para adesistas pularem de barco. Se o UB a expulsar, tudo bem, senão vai justificar que o partido a traiu, uma tese sempre difícil de se comprovar.
Muita gente acha que o ex-prefeito Paulo do Vale, o PDV, atual secretário municipal em Rio Verde, vai impedir a reeleição de Marussa. Calma lá. Ela não precisou dele para se eleger – o candidato dele foi seu então vice, Danillo Pereira, que teve quase o dobro dela (28.094 a 15.462) no município e ficou na suplência de Ismael. Marussa tem duas chances: 1) Paulo vira vice de Daniel Vilela e seu filho Lucas do Vale sai à reeleição na Assembleia; 2) seu padrinho, o tripresidente (Faeg, Senar, Sebrae) José Mário Schreiner, entra novamente em sua campanha e articula com PDV para não lançar candidato a federal em Rio Verde. É, fácil não está, mas para quem ontem era vereadora no interior e hoje transita bem no Congresso Nacional…
Marussa e Silvye Alves foram vítimas de violência doméstica e familiar. Ambas não se calaram, dois ótimos exemplos para as mulheres.
Além de Marussa, outras duas deputadas federais atualmente foram vereadoras, Magda e Lêda, que foram prefeitas de Caldas e Valparaíso. Magda dá lições também de empreendedorismo, começou como camareira e é dona de império de turismo. (Especial para O HOJE)
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