Até meados de 2024, o senador Vanderlan Cardoso surfava no Rio Meia-Ponte e no Córrego Caveirinha. Era o primeirão nas pesquisas para prefeito de Goiânia, iria ganhar sem 2º turno, o que encantou o geralmente sábio presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, supersecretário do Governo do Estado de São Paulo. Kassab tirou da chefia da sigla seu companheiro de primeira hora Vilmar Rocha e colocou Vanderlan no topo. Mas o senador foi perdendo e não parou mais de cair. Do 1º lugar, foi parar nos quintos, com 6,57% nas urnas. O PSD foi o maior vencedor no País… sem a ajuda de Vanderlan. No pique atual, caminha para a extinção com mais rapidez que a ararinha-azul e a nota de R$ 200.
No País, elegeu 891 prefeitos, 640 vices, 6.559 vereadores. Em Goiás, apenas 3 prefeitos, Padre Weber, de Rubiataba, no Vale do São Patrício; Marcão do Siri, de Itaguari, no Centro; e Ednaldo Meinha, de Castelândia, no Sul. Para comparação, o União Brasil fez 94, MDB 47, PL 27, PP 26, Podemos 14, PDB 11, PSDB 7, PRD 4 e o PSD empatado com Solidariedade, PSB e PT. Uma vergonha, se é que esse pessoal tem alguma. Na Assembleia, está com Cairo Salim e Wilde Cambão – consegue ter menos que o Avante (3) e o Solidariedade (5), sem contar os campeões, a federação UB-PP (11) e o MDB (6). Na Câmara dos Deputados, tem o resiliente Ismael Alexandrino, que deve não estar aguentando mais, louco para chegar logo a janela de transferência para mudar.
Mounjaro de manhã, Ozempic à tarde e dieta à noite
A raiz do emagrecimento do PSD é exatamente o senador Mounjaro Ozempic Cardoso, que aplica no partido uma injeção de manhã e outra à tarde todo santo dia, além da dieta da luz à noite, com bariátricas mensais. Não vai atrás de filiar lideranças. Nada promove. Mais parado que água de poço sem fundo. Como vai fazer para que Alexandrino se reeleja? Não pode mais contar com os votos de Rio Verde e região, que em 2022 chegou ao baú do PSD graças ao grupo do então prefeito Paulo do Vale, padrinho de seu vice Dannillo Pereira, que mesmo com esse tanto de n e i tirou 51.442 votos. Em 2026, o candidato dos Vale será o próprio Paulo, caso não se chegue a vice de Daniel Vilela (MDB) a governador.
Em lugar de Francisco Jr., que não se reelegeu à Câmara, mas conseguiu 48.529 votos, vai sair o verdadeiro artífice do partido, o também ex-deputado federal Vilmar Rocha (leia mais abaixo). Ele e mais quem? Não se sabe, pois Vanderlan não tem visitado potenciais interessados a deputado estadual ou federal. Como vai conseguir 43 candidatos à Assembleia e 18 à Câmara dos Deputados sem gastar gasolina pelo interior e paciência em infindáveis reuniões em Goiânia?
O partido só não está mais anoréxico porque o governador Ronaldo Caiado premiou o trio que o acompanhou em 2022 como candidatos ao Senado e deu o Detran a Waldir Soares (do União Brasil), a Agência de Habitação a Alexandre Baldy e Companhia de Desenvolvimento, Codego, a Vilmar, que recusou e repassou para Francisco Jr..
Como Vanderlan vai conseguir as nominatas sem qualquer perspectiva de poder? É provável que nem chegue perto de ser reeleito. Não há a mínima noção de ter candidato a governador ou a vice. Então, nada há a oferecer além dos cargos da Codego, que é mais fracionada que pão de forma.
Cabe a Kassab reconhecer que errou ao sentar Vanderlan na cadeira de presidente regional e dar-lhe a chance de sair rapidamente, enquanto há tempo de conseguir alguns corajosos para encarar a possibilidade de deputância. Existe uma lei não escrita segundo a qual quem não manda representante a Brasília perde o comando partidário na respectiva unidade da federação. A vitória de Ismael Alexandrino, por esforço e virtudes pessoais, salvou o PSD em 2022. Agora, o último a sair apaga a luz de lamparina de azeite. Está mais fácil achar um candeeiro iluminando uma praça do que alguém querendo ser candidato a deputado pelo PSD. E querendo aderir ao partido de Vanderlan? Aí, é mais raro que ganhar na Mega da Virada sem jogar.
Vilmar e Kassab tiraram partido do zero
O goiano Vilmar Rocha é um dos fundadores do PSD, depois de brilhar na Assembleia Legislativa de Goiás e na Câmara dos Deputados. Foi secretário da Casa Civil e do Meio Ambiente em governos de Marconi Perillo. É natural de Niquelândia, no Norte do Estado, mas fazia política representando o Vale do São Patrício, principalmente Goianésia, por ser de confiança da família Lage. Já pode pedir música no “Fantástico”, o programa dominical da TV Globo, pois perdeu três seguidas para senador, em 2014 (foi 2º, só tinha uma vaga e ela ficou com Ronaldo Caiado), em 2018 (ficou em 5º como suplente de Marconi Perillo) e em 2022 (foi o 7º). Ficou durante décadas no PDS/PFL até migrar para o novo partido que Kassab estava articulando junto com ele, o PSD.
A sigla saiu do chão e da poeira seus líderes marcaram território em todos os lugares do País, tanto que atualmente tem os governadores de Sergipe, Paraná, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Dos pré-candidatos à Presidência da República, dois são do PSD, os governadores Ratinho Jr. (PR) e Eduardo Leite (RS). A bancada no Senado é integrada por 13, dois deles da Bahia. Dos pré-candidatos a substituir Luís Roberto Barroso, o favorito é do PSD, Rodrigo Pacheco, de Minas Gerais, até há pouco tempo presidente do Senado.
Por que, então, os irmãos siameses Vilmar e Kassab não tiram Vanderlan do comando do PSD? O nome não importa, mas o cargo é grande. Melhor o partido estar com um senador, mesmo que do baixíssimo clero, que continuar com alguém sem mandato – por pior que seja o que esteja no cargo, por melhor que seja o sem cadeira.