O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), demonstra não saber lidar com os questionamentos da oposição e de membros da sociedade civil. Nas últimas semanas, episódios de destempero e ironia têm chamado a atenção nas redes sociais. Os vereadores Fabrício Rosa (PT) e Aava Santiago (PSDB) reagiram aos comentários mais ácidos do gestor municipal. Além disso, o líder de governo, Igor Franco (MDB), que é a extensão da representação de Mabel na Câmara Municipal, se incomodou, durante uma sessão no Plenário, na quinta-feira (3), com uma saudação na Tribuna Livre a Zé Pelintra — importante entidade espiritual ligada à tradição afro-brasileira.
“Hoje, eu tive que presenciar aqui na Câmara uma pessoa usar aquela tribuna para exaltar Zé Pelintra. Então, estou apresentando esse requerimento porque isso, para mim, é inadmissível. Quem quiser acompanhar, tudo bem — se for aprovado pela maioria, será respeitado. Agora, enquanto Deus permitir que eu seja vereador, eu não vou permitir uma pessoa subir naquela tribuna, neste Poder Legislativo, para exaltar Zé Pelintra. Isso é um absurdo”, afirmou Franco.
Ao HOJE, Igor Franco se defendeu e apontou que o povo distorce as coisas que fala. “Ô, meu Deus. Deixa eu te explicar: o que eu falei foi que eu vou apresentar uma alteração no Regimento Interno para que as pautas discutidas na Tribuna Livre sejam previamente votadas pelo plenário — assim como já acontece com as audiências públicas, homenagens etc.. Foi isso que eu disse. Eu vou apresentar uma alteração no regimento para que possamos discutir previamente o que será tratado na Tribuna Livre”, respondeu Franco.
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Ao que o vereador Fabrício Rosa disse em suas redes sociais que tomará todas as providências cabíveis para denunciar, segundo o petista, esse crime grave. “Falou como se fosse dono da casa. Mas a casa é do povo. E mais: prometeu calar um dos poucos espaços que o povo ainda pode ocupar na Câmara, a Tribuna Livre. Saibam que aqui existe uma Ouvidoria Contra Crimes Raciais e de Intolerância. E eu sou o presidente dela. Não vamos aceitar crime de ódio, racismo e intolerância religiosa por aqui! Quem ele pensa que é para dizer qual fé pode ou não pode estar presente na Casa do Povo?”, questionou.
Sandro Mabel
Durante a 7ª Conferência das Cidades de Goiânia, realizada nesta sexta-feira (27/6), o clima esquentou quando um manifestante interrompeu o discurso do prefeito Sandro Mabel para denunciar a truculência da Guarda Civil Metropolitana e a repressão contra movimentos sociais na capital. Baiano MC, integrante do movimento hip hop — o mesmo que exaltou Zé Pilintra na Câmara dias depois —, protestou com duras críticas: “Nenhum de nós tem ficha policial, nenhum de nós está de tornozeleira eletrônica, então tem que avisar para a sua Guarda”.
Diante da acusação, o prefeito reagiu com ironia. “Então por que está apanhando?”, questionou Mabel. A resposta veio em tom de denúncia: Porque os guardas são despreparados”. O gestor, no entanto, não recuou e retrucou: “Ah, conversa fiada”. O manifestante continuou, ao afirmar que as abordagens violentas são rotina. “Eu sou do movimento hip hop, e todos os dias a gente sofre”. O episódio evidenciou a crescente tensão entre representantes da cultura e a administração municipal, acusada de reprimir manifestações legítimas e falhar no preparo da força de segurança pública.
“Aave Maria”
Em outro pronunciamento, Mabel falou, em tom de desabafo, sobre a dificuldade que tem ao enviar um projeto à Câmara. “Aí a hora que você chega com projeto lá, pega aí uns vereadores: Aava… Aava não sei do que. Eu chamo ela mais de ‘AVE’ do que Aava. ‘AVE Maria’, que mulher enjoada”, ironizou. Ao apontar o destempero de Mabel, a vereadora reagiu: “Prefeito acostumado a dar ordens se destempera ao ter que dar explicações. Ainda mais quando quem lhe confronta com seus próprios erros é uma mulher. Aí onde sobra arrogância e irritação, faltam civilidade e compromisso público”, apontou.
“Ao senhor, prefeito Sandro Mabel, volto a informar: enquanto sua gestão optar por criar taxas para colocar o goianiense para pagar as contas dos contratos pouco transparentes e injustificáveis, enquanto precariza serviços públicos essenciais e humilha os trabalhadores, eu não vou parar”, finalizou a parlamentar.
Posicionamento
A equipe de reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação do prefeito Sandro Mabel e, até o fechamento desta edição, não houve resposta. O espaço continuará aberto para o posicionamento do gestor. (Especial para O Hoje)
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