O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou nesta terça-feira (23) na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e afirmou que qualquer tentativa de interferência no sistema de Justiça brasileiro é “inaceitável”.
“Mesmo sob ataque sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia reconquistada há 40 anos pelo seu povo depois de duas décadas de governos ditatoriais”, declarou.
Durante sua fala, Lula também destacou a pressão internacional sofrida pelo país e condenou ações externas que, segundo ele, buscam fragilizar as instituições nacionais. “Não há justificativas para as medidas unilaterais e arbitrárias contra as nossas instituições e nossa economia. Agressão contra a independência do poder Judiciário É inaceitável. Essa ingerência em assuntos internos conta com o auxílio de uma extrema-direita subserviente e saudosa das antigas hegemonias”, completou o presidente.
“Falsos patriotas arquitetam e promovem publicamente ações contra o Brasil”, afirmou, acrescentando que “não há pacificação com impunidade”.
Tradicionalmente, cabe ao Brasil abrir os discursos da Assembleia Geral da ONU, que neste ano chega à sua 80ª edição.
Relação com os Estados Unidos
A fala de Lula ocorreu um dia após o governo dos Estados Unidos anunciar novas sanções contra cidadãos brasileiros, em reação à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O episódio intensificou a tensão entre os dois países, que vivem um dos piores momentos diplomáticos das últimas décadas.
Nos últimos meses, Lula e Donald Trump trocaram acusações, sobretudo após Washington impor sobretaxa de 50% a produtos brasileiros sob o argumento de barrar uma suposta “caça às bruxas” contra Bolsonaro. O ex-presidente norte-americano tentou, sem êxito, interferir no julgamento do político brasileiro, condenado a 27 anos e três meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe.
O governo dos EUA também ampliou as restrições contra autoridades ligadas ao Judiciário brasileiro. Na segunda-feira (22), anunciou a revogação do visto do advogado-geral da União, Jorge Messias, além de sanções financeiras à advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro Alexandre de Moraes.
Com a medida, qualquer bem de Viviane em território americano foi bloqueado, assim como possíveis transações envolvendo empresas ligadas a ela. Em julho, o próprio ministro já havia sido alvo de sanções semelhantes, que o impedem, assim como sua esposa, de realizar operações financeiras com cidadãos ou companhias dos Estados Unidos.
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