Insatisfeitos com o cenário econômico, produtores rurais de Iporá e região foram às ruas, nesta segunda-feira (16), para buscar melhores condições e poder dar continuidade à produção. Segundo o vice-presidente do Sindicato Rural de Iporá, Diorama, Israelândia e Amorinópolis, Nilton Pereira de Sousa, o principal objetivo da mobilização é mostrar que o setor não concorda com as altas taxas de juros do governo federal. “Os produtores rurais fazem um custeio para plantar e quando vão vender a safra, não dá para pagar os bancos. Pedimos uma ajuda ao governo federal para oferecer melhores condições para trabalhar”, aponta.
Nilton afirma que a maioria dos produtores está em situação de endividamento nos bancos. “Os produtores não estão pedindo para o governo federal perdoar as dívidas, mas dar condições para trabalhar e pagar os financiamentos que foram feitos. […] A maioria fez compra de tratores e outras máquinas quando a soja custava R$ 186 e os insumos caros. Agora, as parcelas estão vendendo com a soja a R$ 105”, critica o líder do Sindicato Rural.
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O produtor rural e ex-prefeito de Iporá Naçoitan Leite, no mesmo sentido, declara que os produtores precisam de juros mais baixos e crédito mais acessível. “O governo agora está querendo desapropriar por motivos adversos. E a dificuldade que temos é que não tem dinheiro nos bancos. Não tem no Banco do Brasil, nem na Caixa. Não tem um plano do governo para poder fazer algum financiamento para a safra. Olha, agora em julho e agosto, temos que começar a preparar o solo para poder plantar e não temos dinheiro. Como é que vamos fazer?”, questiona Naçoitan.
“Plano Safra insuficiente”
No vídeo de convocação, os manifestantes dizem: “Estamos unidos contra os produtos abusivos, o Plano Safra insuficiente e o alto custo de produção que estão sufocando quem trabalha e produz nesse País. Produtores, comerciantes, trabalhadores e toda a população”. Dentro da perspectiva política, a situação do setor já se encontra ruim devido às ações do governo federal que têm pressionado a inflação e a disponibilidade de crédito. Com a possibilidade de taxar da LCA e RCA, a situação pode piorar.
Com a intensificação dos gastos públicos, sem perspectiva de ajuste fiscal, o Banco Central (BC) elevou a taxa de juros para 14,25%. Dentro dessa relação, o mercado reduz a disponibilidade e aumenta o valor do crédito. Assim, os pequenos produtores rurais são penalizados em dois aspectos: ao tentar obter recursos e, depois, caso consigam, na hora de pagar.
CRA e LCA
Pelo Brasil, lideranças do setor agropecuário têm se mobilizado para impedir a proposta do governo federal de aplicar tributação sobre os rendimentos obtidos com Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) — instrumentos financeiros amplamente utilizados para captar recursos destinados ao financiamento da produção agrícola. Segundo representantes do setor, essa iniciativa poderá restringir o acesso ao crédito rural e, como consequência, pressionar os custos de produção e elevar os preços dos alimentos no mercado interno.
Por outro lado, o governo Lula alega que a alíquota prevista de 5% é inferior à tributação aplicada em outros investimentos de renda fixa e que a medida busca corrigir distorções no sistema tributário sem comprometer a competitividade do agro. Haddad aponta que a nova regra só entraria em vigor em 2026, o que daria tempo para o mercado se adaptar à nova realidade.
Ainda assim, parlamentares ligados ao setor rural articulam estratégias no Congresso para tentar barrar ou suavizar a proposta. A Frente Parlamentar da Agropecuária avalia apresentar emendas ao projeto de lei ou recorrer ao apoio de outras bancadas com o argumento de que o impacto da medida vai muito além dos investidores: pode repercutir diretamente no bolso do consumidor final. (Especial para O Hoje)
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