A segurança pública em Goiás é o principal discurso utilizado pelos dois principais personagens da base governista que pretendem disputar cargos eletivos em 2026 — tanto o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), quanto o vice-governador Daniel Vilela (MDB). Porém, a atuação do prefeito Sandro Mabel (União Brasil), eleito com apoio da base governista na Capital, diverge do discurso que exalta os feitos do governo estadual na segurança.
A retórica em torno da segurança é o carro-chefe do discurso do grupo que comanda o Palácio das Esmeraldas. Pré-candidato à Presidência da República, Caiado, de forma recorrente, exalta os feitos de sua gestão na segurança dos goianos. O governador é crítico, inclusive, da PEC da Segurança Pública, de autoria do governo federal, e defende a autonomia dos Estados nessa área, sob a alegação de que, com autonomia, transformou a segurança em Goiás.
É corriqueiro ver Caiado e Vilela — que irá disputar o governo estadual em 2026 — exaltarem os feitos em solo goiano pelos quatro cantos do País. A segurança é sempre o maior “case de sucesso”. A melhoria nos índices de segurança do Estado é vista como o principal feito de Caiado em seus dois governos e por isso é o principal discurso espalhado pelo governador e seus aliados em sua cruzada pelo País na busca de viabilizar seu projeto político.
Em contrapartida, a gestão de Mabel em Goiânia toma decisões que vão na contramão do discurso da gestão estadual. Recentemente, o prefeito sancionou uma lei que limita o funcionamento das distribuidoras de bebidas até às 23h59. A justificativa para o projeto foi reduzir a criminalidade na Capital.
Além da limitação do funcionamento das distribuidoras, Mabel ordenou que o Bosque dos Buritis só funcionará até às 22h. A decisão foi tomada após o assassinato do músico Bruno Duarte, cujo o corpo foi encontrado no último dia 27 de julho. O prefeito também sinalizou que a ordem de funcionamento somente até às 22h pode se estender para os demais parques da cidade. As decisões dão a entender que a segurança pública goiana, exaltada pelos caciques do grupo político ao qual Mabel pertence, não chegou com veemência à Capital.
SUV blindada
Além disso, em junho, a Prefeitura de Goiânia solicitou o aluguel de uma SUV blindada para Mabel e outros nove carros pelo período de 4 anos e com custo estimado em R$ 3,7 milhões. Entre as justificativas, o Paço alega ser “indispensável [a locação da SUV], garantindo maior proteção diante do crescente cenário de violência urbana e dos riscos inerentes à exposição pública do cargo”.
Na época, o pedido gerou reação do secretário de Segurança Pública de Goiás, Renato Brum, que garantiu: “Se for unicamente pela preocupação com a segurança pública, Mabel não precisa gastar com carro blindado”.
O especialista em marketing político Luiz Carlos Fernandes ressalta que para medir o impacto eleitoral dessa conjuntura é necessário pesquisas sobre o tema. Porém, alega que a “incoerência” no campo político à direita pode criar uma “dissonância cognitiva a médio e longo prazo”. O resultado disso, segundo Fernandes, é o aumento da desconfiança do eleitor. (Especial para O HOJE)
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