A fusão entre o PSDB e o Podemos, antes dada como certa, tem enfrentado imbróglios que podem impedir que a união seja selada. A aliança, que surgiu como ponto de partida da reconstrução dos tucanos e promete alavancar o protagonismo político dos partidos, ainda não foi concluída — e pode atrapalhar os planos do PSDB de tentar retornar aos holofotes políticos como peso importante.
Na última semana, os tucanos aprovaram a fusão com o Podemos durante convenção nacional da sigla em Brasília. O otimismo do tucanato para que a união aconteça veio acompanhado de uma disputa pelo comando da nova composição. Mesmo em baixa, o PSDB reúne caciques que não abrem mão do comando da legenda e nem do legado histórico do partido. Entretanto, o mesmo acontece com o Podemos.
A primeira divergência é sobre o comando nacional da sigla. A deputada federal Renata Abreu (SP), presidente nacional do Podemos, reivindica o posto por seu partido, na atualidade, ser mais relevante que os tucanos. Do outro lado, o ex-governador de Goiás, Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB, não quer abrir mão do poder que possui.
Além disso, existem divergências regionais. O deputado federal Glaustin da Fokus, que preside o Podemos em Goiás, é base do governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Com pretensões de continuar na base governista, de olho nas eleições de 2026, Glaustin é contra a aliança. Ademais, a união pode acarretar na perda de espaço do parlamentar no comando da sigla em Goiás para Marconi.
Leia mais: Defesa estima que Bolsonaro deve ser preso em outubro
Problemas para os tucanos
A fusão com o Podemos significa para o PSDB a sobrevida política. O partido protagonista na política brasileira nas primeiras décadas do século XXI já não existe mais. Com a pouca relevância que restou, o tucanato projeta voos maiores com a fusão e precisa garantir sua sobrevivência.
Entretanto, em meio às negociações da fusão, os tucanos sofreram baixas importantes. A primeira a debandar do barco tucano foi a governadora do Pernambuco, Raquel Lyra, que se filiou ao PSD. Lyra argumentou que, para a disputa de 2026, ela precisaria de uma legenda mais robusta e consolidada para tentar ser reeleita.
Inclusive, o PSD de Gilberto Kassab tem sido o refúgio dos ex-tucanos. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, também caminhou rumo à legenda pessedista. Ao que tudo indica, o governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, é o próximo da lista que deixará o PSDB para se juntar ao PSD.
Vale ressaltar que o PSD era o plano inicial de Perillo. No início, o tucano negociava a fusão com Kassab, já que a ideia era uma aliança com um partido do primeiro escalão do Centrão. As negociações emperraram, sobretudo, pela discordância regional em Minas Gerais, onde o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) se via ameaçado pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), cotado para disputar o governo mineiro em 2026.
Com as negociações com o Podemos rodeadas de incertezas e as saídas de peças importantes do quadro de filiados, os tucanos podem recuar na tentativa de reconstrução — o que atrapalharia a sobrevivência política do partido.
O post Fusão com Podemos esfria e caminho do PSDB pode desandar apareceu primeiro em O Hoje.