A partir do segundo semestre deste ano, as articulações políticas eleitorais irão se intensificar cada vez mais. Enquanto o panorama atual sugere que o campo progressista irá concentrar esforços em torno da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a direita segue indefinida sobre quem será o herdeiro político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Com diversos governadores no páreo do espectro à direita, uma fragmentação nas candidaturas, sobretudo no primeiro turno, é provável.
Atualmente, estão entre os governadores cotados para disputar a Presidência da República como representantes da direita o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); o governador do Paraná, Ratinho Jr (PSD); o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil); e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Além dos chefes dos Executivos estaduais, figuram no páreo como possíveis ungidos por Bolsonaro dois membros da família: a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Com tantas possibilidades, é de se imaginar que, mesmo sem o aval de Bolsonaro, algumas candidaturas à direita se mantenham. Para os candidatos e seus grupos políticos, a visibilidade é importante. Em 2022, após o bom desempenho nas eleições presidenciais, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), chegou ao primeiro escalão do Planalto — sobretudo pela atuação em prol da eleição de Lula no 2º turno.
Entretanto, diversas candidaturas no mesmo espectro político trazem prós e contras. Para o especialista em marketing político pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Luiz Carlos Fernandes, a fragmentação “não beneficia, pois divide os votos”.
“Essa fragmentação é ruim para a direita, embora o espaço da direita seja maior hoje no País do que o da esquerda. A chance do Lula é se juntar com a centro-esquerda e os indecisos, mas a direita fragmentada perde. Se o projeto da direita é fazer [maioria] no Senado e na Câmara, muito mais do que a presidência, isso aí não é muito bom. Acredito que o espaço da fragmentação é ruim porque ele divide os votos”, destaca o especialista.
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Situação de Caiado
Pré-candidato ao Palácio do Planalto, Caiado aparenta firmeza em seu projeto político rumo à Presidência da República. Entretanto, para o sociólogo João Carvalho, os desafios do governador vão além da fragmentação na direita.
“Existem alguns problemas maiores que a suposta fragmentação à direita. Primeiro que o Caiado não tem o apoio hegemônico do partido. O União Brasil tem, inclusive, vários ministérios em composição com o governo Lula. A candidatura lançada em Salvador não contou com nomes importantes do partido e não congrega um desejo pleno do partido. Por outro lado, Caiado também acumula outros problemas, como o baixo índice percentual nas prévias de pesquisas eleitorais”, avalia Carvalho.
Na sequência, o sociólogo completa: “Considero que ainda não podemos dizer que as candidaturas à direita estão fragmentadas porque ainda estão sendo construídas. Mesmo assim, Caiado não está na primeira linha da disputa como nome da direita. Não tem apoio da família Bolsonaro e não tem um nome que consiga ser reconhecido nacionalmente”.
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