O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB), assumiu o protagonismo nas negociações do Executivo brasileiro com o governo americano, que acontecem em razão do tarifaço sobre produtos brasileiros anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Alckmin ficou encarregado de mediar as negociações com os americanos. O vice-presidente é uma figura mais simpática ao setor empresarial em comparação ao petista, sobretudo por sua proximidade com a Faria Lima, fruto dos seus governos em São Paulo.
Além disso, o recuo do governo Trump é uma vitória de Alckmin. O tarifaço teria início na última sexta-feira (1º), porém, o governo americano prorrogou o prazo em 5 dias e isentou da nova tarifa cerca de 700 produtos brasileiros. As medidas vieram após articulações da cúpula do Palácio do Planalto. Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, irá se reunir com o Secretário de Tesouro dos EUA, Scott Bessent, em breve para tratar das tarifas.
Representante de Lula em SP
Pregando cautela com uma postura diplomática, Alckmin alçou o protagonismo político em meio a guerra comercial do tarifaço. Com isso, o nome do vice-presidente começou a circular como um possível candidato ao Palácio dos Bandeirantes em 2026, representando a base governista.
A ideia inicial do PSB é que Alckmin seja o vice na chapa de Lula no próximo ano. Porém, lideranças petistas defendem que o protagonismo do vice-presidente no tarifaço pode impulsionar a popularidade do pessebista e, aliado ao seu histórico com o mercado financeiro paulista, Alckmin pode ser a maior chance do grupo político do presidente Lula vencer o candidato da direita na disputa pelo governo de São Paulo — seja ele o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disputando a reeleição ou outro não.
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Espaço para o MDB
Uma candidatura de Alckmin ao governo de São Paulo iria abrir uma vaga na chapa majoritária. Buscando aliados no Centrão, é impensável que o PSB ocupe tanto a vice de Lula e tenha o candidato ao governo de São Paulo pela base governista. Atualmente, o partido de centro que sinaliza compor com o petista e pode se beneficiar da candidatura de Alckmin é o MDB.
Entre os emedebistas que sinalizam positivamente para uma composição do PT-MDB estão a ministra de Planejamento, Simone Tebet, o ministro do Transporte, Renan Filho, e o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Tebet e Renan inclusive são cotados para a vice, caso a indicação fique com o MDB. O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), também está entre os cotados.
O apoio ao projeto de reeleição de Lula não é unanimidade no partido. Uma ala dentro da sigla, liderada pelo prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), defende que o partido caminhe com a candidatura de centro-direita, sobretudo se o candidato for Tarcísio. O deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP), presidente nacional da legenda, também simpatiza com a ideia.
Os emedebistas pró-governo entendem que se a vice ficar com o partido, o poder de barganha será maior nas negociações dentro da legenda. Dessa forma, uma aliança do MDB com Lula seria facilitada. (Especial para O HOJE)
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