O desgaste entre o prefeito Sandro Mabel (União Brasil) e os vereadores que compõem a sua base na Câmara Municipal, em decorrência da Comissão Especial de Inquérito (CEI) que irá investigar o contrato da Prefeitura de Goiânia com o consórcio Limpa Gyn, começou a ter reflexos concretos na política goianiense. Na última segunda-feira (25), Mabel exonerou o secretário Municipal de Desenvolvimento, Indústria, Comércio, Agricultura e Serviços, Diogo Franco, irmão do vereador Igor Franco (MDB), líder do prefeito na Câmara.
A exoneração de Diogo, publicada no Diário Oficial do Município (DOM) na última segunda, é mais um recado claro da insatisfação do prefeito com o líder do governo, cuja saída do cargo é tratada como questão de tempo. O Paço não vê com bons olhos a CEI da Limpa Gyn e Mabel atribuiu a Igor a adesão da base à comissão de inquérito.
O prefeito não gostou da condução do vereador no trabalho de articulação do Paço para barrar a instalação da CEI, idealizada majoritariamente por vereadores da base. Entre as 16 assinaturas para abertura da comissão de inquérito, 12 são de parlamentares da base — inclusive a de Franco.
O chefe do Executivo municipal articula para barrar a comissão desde o início do recesso parlamentar e cobrava do emedebista uma postura alinhada aos interesses do Paço. Apesar do respaldo dos vereadores da base, que elogiaram Igor publicamente em sessão na Câmara na última semana, o descontentamento do prefeito era público.
Também na última semana, Mabel cobrou lealdade do líder do prefeito. Em entrevista coletiva, o prefeito disse que o vereador estava “em teste”. “Quando você aceita ser líder de alguém, é preciso defender, ou então você pede para sair”, disse o chefe do Executivo municipal na ocasião.
Na tentativa de conter o impasse com o prefeito, Franco abriu mão de participar da CEI para tentar assegurar que continuaria na liderança de Mabel na Casa. Porém, a exoneração do irmão do líder do prefeito é o primeiro indício concreto de que o tempo do emedebista no cargo de líder do prefeito no Parlamento está prestes a acabar.
A saída de Franco da liderança do governo já não é tratada como uma questão de “se”, mas, sim, de “quando”. Entre os parlamentares postulantes a substituírem o emedebista, os principais cotados são os vereadores Thialu Guiotti (Avante) e Henrique Alves (MDB).
Thialu e Alves participaram da reunião a portas fechadas de Mabel com o presidente da Câmara, Romário Policarpo (PRD), na última sexta-feira (23). O assunto da reunião, além da CEI da Limpa Gyn, foi a relação do prefeito com a base.
O prefeito busca juntar os cacos e reformular sua base na Câmara, sobretudo em um momento em que o Executivo deve enviar projetos importantes para o Legislativo. Além dos quatro projetos que já haviam sido enviados ao Parlamento e retornaram ao Executivo para serem corrigidos — alterações na Lei das Parcerias Público-Privadas (PPP) e no Código Tributário; a autorização para modificar as regras do empréstimo de R$ 710 milhões; e a data-base, que reajusta a remuneração dos servidores públicos municipais —, a Lei de Diretrizes Orçamentários (LDO) deve ir à Câmara em breve para análise dos vereadores. (Especial para O HOJE)
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