Bruno Goulart
A disputa pela vice de Daniel Vilela (MDB) em 2026 não será uma escolha protocolar de bastidores — tem se desenhado como um campo de batalha político entre caciques influentes do agronegócio goiano. De um lado, o ex-prefeito de Rio Verde, Paulo do Vale (UB), com forte domínio no Sudoeste do Estado. Do outro, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, cuja força organizacional e vínculos com o setor produtivo o tornam nome natural para a composição. Mas apenas um irá subir ao palanque.
Vindo do sudoeste goiano
A movimentação política no entorno de Daniel Vilela, vice-governador e sucessor natural de Ronaldo Caiado (UB), começa a ganhar forma e intensidade. Os olhos se voltam para a definição do nome que irá compor a chapa ao governo em 2026 — e os bastidores indicam que o favoritismo, por ora, tem endereço certo: o Sudoeste goiano.
É de lá que parte a ofensiva do ex-prefeito de Rio Verde, Paulo do Vale (UB), que articula para ser o escolhido de Daniel. Médico, político de perfil técnico e gestor bem avaliado, Paulo tem influência na região, sobretudo por sua ligação com o agro.
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Pai do deputado estadual Lucas do Vale, presidente do MDB local, o ex-chefe do Executivo de Rio Verde consolidou uma base sólida que abrange quase todo o Sudoeste, com exceção de Mineiros, reduto do prefeito Aleomar Rezende (MDB), que contou com o apoio de José Mário para se eleger, e Jataí, onde Geneilton Assis, do PL do senador Wilder Morais, venceu o MDB de Humberto Machado, prefeito por cinco mandatos na cidade dos Vilela.
Mas a força de Paulo do Vale não está restrita à sua região. Nos bastidores se diz que o ex-prefeito de Rio Verde teria buscado apoio estratégico no Entorno do Distrito Federal, terceiro maior colégio eleitoral de Goiás. O nome por trás dessa costura seria o do deputado federal Célio Silveira (MDB), um novo aliado do homem forte da família do Vale. Questionado pelo O HOJE sobre o apoio, Célio desconversou: “Ainda estamos vendo”.
Presidente da Faeg
A ascensão de Paulo do Vale, no entanto, esbarra diretamente nas pretensões de outro nome de peso: José Mário Schreiner, presidente da Faeg. Ligado ao Sistema S, influente no agro e com histórico político consistente, Zé Mário também é cotado para compor a chapa de Daniel. Seu grupo trabalha para assegurar que a vice seja ocupada por alguém com ampla capilaridade no setor produtivo — e ele próprio surge como o nome preferencial.
Para além da vice, os movimentos de José Mário também apontam para Brasília. Em 2022, sua candidata à Câmara foi Marussa Boldrin (MDB), que se elegeu deputada federal. Mas há rumores de que, em 2026, José Mário pode patrocinar outro nome: Pedro Sales, atual presidente da Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra). Próximo da Faeg, Sales tem atuado em projetos financiados pelo Fundo Estadual de Infraestrutura (Fundeinfra) — fundo sustentado pelo agronegócio e voltado a obras de infraestrutura. Em julho, o Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), que é ligado à Faeg, assumiu a execução de sete obras estratégicas para o escoamento da produção.
Apesar das especulações, Marussa reafirma seu compromisso com a bancada do agro. Ao O HOJE, declarou: “Zé Mário tem todas as credenciais para disputar qualquer cargo majoritário. Ele tem experiência política e em gestão e comprovou os resultados à frente da Faeg, Senar e Sebrae. O setor produtivo precisa ser representado em todas as esferas políticas de Goiás, é a força que move o Estado. Como integrante desse grupo, colocarei meu nome para continuar a defesa do setor produtivo em Brasília”.
Sem tomar partido
O prefeito de Rio Verde, Wellington Carrijo (MDB), também falou ao O HOJE. O atual chefe do Executivo na cidade evitou tomar partido direto, mas foi elogioso ao ex-prefeito Paulo. “Tenho um enorme respeito e admiração pelo ex-prefeito Paulo do Vale. Ele é um gestor que deixou um legado muito importante para Rio Verde e que tem todas as credenciais para contribuir em qualquer espaço público que venha a ocupar. Sobre a possibilidade dele ser vice do nosso amigo Daniel Vilela, vejo com bons olhos, mas acima de tudo respeito muito a condução e a liderança do nosso governador Ronaldo Caiado, que tem feito um trabalho firme e coerente à frente do Estado de Goiás. Tenho certeza de que qualquer decisão nesse sentido será tomada com sabedoria, diálogo e pensando no bem de Goiás.”
Carrijo também reconheceu o peso de José Mário como postulante. “O Zé Mário tem experiência e está entre os nomes citados. Cabe ao governador Caiado, com sua experiência e liderança, conduzir esse processo com equilíbrio. O mais importante é que a escolha do vice fortaleça o projeto político que vem transformando Goiás.” (Especial para O HOJE)
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