O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos demais réus do núcleo crucial da trama golpista terá continuidade na terça-feira (9). Com isso, surgem especulações sobre o comportamento da direita e extrema direita até lá. Cabe destacar a resistência da oposição quanto ao projeto de anistia proposto pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (UB-AP).
Além disso, a possibilidade da efetivação da pré-candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos), tendo em vista que o governador de São Paulo desembarcou nesta semana em Brasília para assumir a linha de frente e planejar estratégias para impulsionar a pauta da anistia e, no que diz respeito à reação da base, pode-se ter um parâmetro por meio da declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) feita nesta quinta (4).
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Em discurso na periferia de Belo Horizonte (MG), Lula reforçou a necessidade de resistência popular contra o projeto defendido pela oposição, o que levanta a possibilidade de manifestações simultâneas da direita e da esquerda, algo que não costuma ocorrer.
Sobre a proposta de anistia feita por Alcolumbre, há membros da centro-direita e direita que veem a necessidade de apoiar o texto por receio de, ao final, acabarem por não aproveitarem nada da pauta pois, o que Alcolumbre propõe é anistiar os participantes dos atos, o que exclui a opção de inocentar os organizadores. Mas a oposição deseja o que chamam de anistia “ampla, geral e irrestrita”, o que é inconcebível para o Supremo Tribunal Federal (STF) e, também, para o próprio presidente Lula, que não deve assinar o projeto inicial.
Caminho mais viável
Nesse sentido, o projeto de Alcolumbre é o que mais aparenta possuir viabilidade, diante da pressão da oposição por discutir o assunto. E mais. Esse meio-termo pode ocorrer até na Corte, sob a suspeita de alguns ministros que podem não derrubar a proposta a partir de um possível acordo político. A atuação de Tarcísio como impulsionador da pauta de anistia pode ser interpretado, por membros da base, como uma ação que pretende alavancar uma possível pré-candidatura do governador de São Paulo.
Tanto é que seu partido, o Republicanos, faz parte do chamado grupo pró-anistia, que reúne siglas como Progressistas (PP), União Brasil (UB), Republicanos e Partido Liberal (PL) que, inclusive, fazem esforço para discutir a situação dos participantes do 8 de janeiro porque sabem que é um assunto que pode influenciar o cenário político eleitoral por articular o perdão a Bolsonaro. A tática, que tende a ser usada por Tarcísio, se baseia na tentativa de fazer com que haja uma articulação do republicano com o Centrão na busca por dar uma resposta à direita que o critica.
Pedido de mobilização
Nesta quarta, o presidente Lula (PT) falou a integrantes da cúpula do União Brasil que se opõem ao avanço do projeto de anistia. Em almoço no Palácio da Alvorada com ministros do partido e Alcolumbre, o presidente pediu empenho contra o projeto e afirmou, entre outras coisas, que a proposta significaria uma rendição ao presidente dos EUA, Donald Trump.
O chefe do Executivo federal ressaltou, na manhã desta quinta-feira (4), que a pauta da anistia tem avançado no Congresso e pontuou que essa “batalha”, no que se refere ao combate a essa discussão, “tem que ser feita pelo povo”. “Agora é outra coisa que nós temos que saber: se for votar no Congresso, corremos o risco da anistia. […] O Congresso tem ajudado o governo, aprovou quase tudo que o governo queria, mas a extrema direita tem muita força ainda. Então é uma batalha que tem que ser feita também pelo povo”, acrescentou o petista. (Especial para O HOJE)
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