Três dias após começar a usar tornozeleira eletrônica, Jair Bolsonaro (PL) foi à Câmara dos Deputados para participar de articulações a seu favor e contra as medidas impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Não só ele como o Partido Liberal e outras legendas declaradamente de direita estiveram presentes nesta segunda-feira (21) em Brasília. O intuito da mobilização foi a realização de reuniões e participação em coletivas de imprensa em defesa do ex-presidente da República.
“Estamos suspendendo o recesso parlamentar, pelo menos grande parte da direita, dos membros do PL e até de outros partidos que entendem a gravidade da situação que o Brasil passa. Seria impossível, para nós, ficarmos em recesso vendo que esse é o momento que o Bolsonaro precisa de apoio, de solidariedade e que o Brasil precisa de políticos e parlamentares preocupados com o futuro da nossa nação”, ressalta o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO).
A mobilização se deu como um ato de indignação às medidas restritivas aplicadas a Bolsonaro pelo Supremo (STF), pelas quais o ex-presidente começou na sexta-feira (18) a cumprir toque de recolher noturno, não acessar redes sociais e não entrar em contato com diplomatas. Muitos relacionam a situação em que Bolsonaro se encontra com os ataques do presidente dos EUA, Donald Trump, contra o Brasil, como é o caso de Celso de Mello, ministro aposentado do STF.
“Não se trata de mera questão econômico-tarifária, mas, isso sim, de deliberado (e gravíssimo) ataque à democracia brasileira e a suas instituições, notadamente à Corte Suprema do Brasil. […] Ataque esse perpetrado pelo governo Trump, associado tanto à extrema direita bolsonarista (e aos ‘quislings’ seguidores de Bolsonaro) quanto à extrema direita internacional, em verdadeira e acintosa coordenação com as big techs’, todos buscando desestruturar o nosso sistema de governo, legitimado pelo modelo de democracia constitucional que o povo de nosso País implantou após 21 anos de ditadura militar!”, reage Mello.
Manifestação na Câmara
Mesmo com o recesso parlamentar, membros do Partido Liberal decidiram ocupar a Câmara dos Deputados para manifestar apoio a Bolsonaro e articular estratégias de defesa. A reunião da bancada ocorreu às 14 horas desta segunda na Sala Amália Barros, na Liderança do PL na Câmara. Entre os pontos propostos para discussão estavam: mobilizações nacionais por Justiça e Liberdade; discussão de prioridades legislativas para o 2º semestre; participação do deputado Eduardo Bolsonaro, de forma on-line; alinhamento da comunicação na defesa do presidente Jair Bolsonaro e sanções norte-americanas.
Enquanto o STF confirma as medidas restritivas e aponta tentativa de obstrução de Justiça e interferência internacional, parlamentares do PL e outras linhas da direita organizam ações permanentes de defesa de Bolsonaro. Sobre a tentativa de interferência internacional, a Polícia Federal aponta que Eduardo Bolsonaro (PL-SP) teria colaborado no que diz respeito às ações dos EUA contra o Brasil.
Assim, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, afirmou que o filho do ex-presidente utilizou “negociações espúrias e criminosas com patente obstrução à Justiça e clara finalidade de coagir esta Corte”.
Em concordância com Moraes e visível discordância dos EUA e de apoiadores de Bolsonaro, Celso de Mello expressa: “Mais do que uma ofensa sem causa, essa prepotente deliberação governamental americana desrespeita, profundamente, o nosso País e a dignidade do povo brasileiro. Torna-se necessário identificar, expor e punir os ‘quislings’ nacionais que, destituídos de qualquer sentimento patriótico, conspiram contra os superiores interesses do Brasil e do seu povo”, conclui o ministro aposentado do STF. (Especial para O Hoje)
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